sábado, novembro 29, 2025

Epigramas da Razão. Imagem gerada por inteligência artificial (Sora) a partir do tríptico homónimo de Jeremias Cabrita da Silva.

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quinta-feira, novembro 27, 2025

Epigramas da Razão


Epigrama da Lei Universal


A lei interior precede o mundo.

Do silêncio fala o gesto claro.

Quem escuta vê o desamparo.

Quem vê ampara o moribundo.



Epigrama da Lei Iníqua


Na mão do opulento a lei repousa,

servindo o grande, calando o fraco,

em clausulado arcano, opaco.

A injusta farsa em trono impune pousa.



Epigrama da Desobediência Legítima


Quando a lei dita o que a justiça acusa,

cessa a virtude em quem se entrega.

Firme, à lei iníqua, a razão recusa:

Só é justo quem à injusta lei se nega.



Segundo de três trípticos de "Epigramas",
por Jeremias Cabrita da Silva, in "Ars Poetica et Rebellis"
(Edições Cravo & Ferradura, 2027)

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quarta-feira, novembro 19, 2025

Epigramas da Pedra. Imagem gerada por inteligência artificial (Sora) a partir do tríptico homónimo de Jeremias Cabrita da Silva.

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Epigramas da Pedra

 

Epigrama da Palavra Original


O golpe do cinzel talha o verbo inteiro

e o nome na pedra pare o ser primeiro



Epigrama da Verdade Essencial


A verdade que acende o justo fala

quando em redor o mundo, inerme, cala



Epigrama do Veio Primordial


O primeiro passo abre o veio primordial;

a pedra inaugural guarda inteira a catedral





Primeiro de três trípticos de "Epigramas",
por Jeremias Cabrita da Silva, in "Ars Poetica et Rebellis"
(Edições Cravo & Ferradura, 2027)

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terça-feira, novembro 11, 2025

Elegia do Desígnio. Imagem gerada por inteligência artificial (Sora) a partir do poema homónimo de Jeremias Cabrita da Silva.

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Elegia do Desígnio

A era expirou; o mar levou o farol.
O código herdou o sopro do criador.
A pátria jaz, funerária, sob o lençol
– a silhueta no sudário do censor.

Velha bandeira, mortalha de poeira,
o falso profeta monetiza a capela;
a democracia é vitrina de algibeira
num púlpito em que o ódio é sentinela.

Havia um tempo aceso, de lampejo,
da palavra a fitar a cobardia.
O homem rendeu-se à usura do desejo,
à verdade conscrita à demagogia.

O amor, finalmente, feito transação
– cruz de néon num registo civil,
esperança possível em promoção
no código frio de um milagre útil.

Marcha a procissão em silente nudez.
Nada como a fome ensina a esperar.
O verbo morde a língua da lucidez
e o povo aplaude o algoz por se salvar.

Ó plebeus da renúncia, onde estais,
que deixais as hordas invasoras
nas tribunas grunhir como animais?
Quem elegeu tantos facínoras?

Um fósforo reacende um templo de luz
e a gente desperta — renasce em lume.
A míngua recusa o silêncio que a reduz.
De archote em punho, rompemos o negrume.

Do fogo à palavra eis a verdade:
Aqui jaz o medo, respira a razão;
reaprende o desígnio a vontade.
Sob a pele, o chão: a refundação.

Elegia de ressonância clássica, por Jeremias Cabrita da Silva
in "Poemas para um País por Fazer" (Edições Cravo & Ferradura, 2039)

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