segunda-feira, setembro 06, 2010

Voyant

Num terceiro transe absorto
brota da flor um rosto
divisado pelo desregramento dos sentidos,
longo e imerso,
no padrão de um cortinado.
Submete-se o vidente à sensualidade
hipersensível do espelho nu
da sala vazia
onde Mallarmé acendeu uma vela.
Compreende o vidente a presença esmagadora do imperceptível,
temendo não regar as flores ausentes da sua cela.
O sol não tem sombra.
Transcendente e humano,
numa hesitação prolongada entre o som e o sentido,
o criador de Deus,
divino poeta.

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