Vilanela do Pão Repartido
Uns vivem de sobra, outros de nada.
Champanhe do tecto, seco o lameiro.
Do pão repartido vem a alvorada.
O latifúndio sela a terra vedada;
a fortuna perpetua-se no herdeiro.
Uns vivem de sobra, outros de nada.
A luz cortada, a noite gelada;
febre de Inverno, fome em Janeiro.
Do pão repartido vem a alvorada.
À mesa comum, vida semeada –
da terra nasce um pacto verdadeiro.
Uns vivem de sobra, outros de nada.
A brasa do povo inflama a jornada;
a foice abre um amplo carreiro.
Do pão repartido vem a alvorada.
Terra, poema em seara bordada.
A aurora é pão aberto, mundo inteiro.
Uns vivem de sobra, outros de nada.
Do pão repartido vem a alvorada.
Vilanela integrante do "Tríptico de Vilanelas para o Século XXI",
por Jeremias Cabrita da Silva, in "Ars Poetica et Rebellis"
(Edições Cravo & Ferradura, 2027)
Etiquetas: 25 de Abril Sempre, Chordian Poetry, Jeremias Cabrita da Silva - Citações e Textos, Poemas da Crise, Poesia Cordiana, Revolucionando, Vilanelas
0 Comments:
Enviar um comentário
« Home