Vilanela do Tempo Vendido
Vendemos o tempo: o tempo é a vida.
O lucro é do dono; nossa a clausura.
Rompe a corrente, fecha a ferida.
A vida em contrato nasce perdida.
À mesa vazia chega a factura.
Vendemos o tempo: o tempo é a vida,
trocada por promessa falida.
Os juros, os impostos, a usura.
Rompe a corrente, fecha a ferida.
Forja, turno, vida consumida.
A luta do justo rompe a sutura.
Vendemos o tempo: o tempo é a vida.
Só a desobediência enche a medida.
Ordem do medo: a ditadura.
Rompe a corrente; fecha a ferida.
A lei do tirano é letra corrompida.
Rasga o contrato: força a ruptura.
Vendemos o tempo – o tempo é a vida:
Rompe a corrente, fecha a ferida.
Vilanela integrante do "Tríptico de Vilanelas para o Século XXI",
por Jeremias Cabrita da Silva in "Ars Poetica et Rebellis"
(Edições Cravo & Ferradura, 2027)
Etiquetas: 25 de Abril Sempre, Chordian Poetry, Jeremias Cabrita da Silva - Citações e Textos, Poemas da Crise, Poesia Cordiana, Revolucionando
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