Mantendo a semi-aleatoriedade tradicional da legenda, eis os comensais e queridos Amigos presentes n' O Jantar cordiano de 8.º aniversário: César Silveira, Ricardo Pinto, Miguel Leão Miranda, Carlos Nunes, Gustavo Silva, Eu, João Pimenta, Rui Almeida, Bruno Sardo e João Carlos Graça.
Depois de nós e de um fogo que destruiu parcialmente o restaurante A Valenciana no dia 14 de Novembro de 2011, passaram-se dois anos sem que O Jantar se realizasse. Sobrevivemos a tanto que nos transformou e, está bom de ver, sobreviveu a feliz tradição deste jantar, recuperada para o que vier. Desde a primeira edição d' O Jantar, já escrevi esta nota anual a partir de quatro casas diferentes. Há oito anos quase tudo era tão diferente, exceptuando a amizade que nos une, indestrutível e à prova de fogo.
De há uns tempos a esta parte, o Caderno de Corda como que se envergonhou, rareando a publicação, outrora diária. Ainda assim, mantém sólidos os fundamentos que o alicerçam enquanto depositório das minhas avarias criativas - poéticas, musicais ou outras... Nesse aspecto, permanece válido como sempre, e é minha convicção de que o que neste blogue está contido por trás de tags e de arquivos mensais tem algo que se lhe diga. Os conteúdos, para serem revisitados, exigem do leitor tempo de pesquisa e curiosidade. De facto, não fossem os conteúdos, muitas das visitas diárias ao Caderno de Corda, oriundas de todos os pontos do planeta, não aconteceriam. Hoje, a esmagadora maioria dos visitantes deste blogue chega de todas as partes do mundo por intermédio de pesquisas feitas em motores de busca.
Mas, muito mais relevante do que isso, é de constatar que este é um blogue capaz de estabelecer outras pontes, mais próximas, e de inventar pretextos para a celebração da Amizade. Como já havia escrito antes, nós convergimos como deuses, astros ou mundos, porque queremos e não desistimos; porque somos crianças de olhos ternos postos na lua, apesar das cãs, dos grisalhos, das entradas. Fomos aprendendo a ser Homens, unidos na inexplicável simplicidade de crianças, no fundo dos olhos nossos, nos abraços, nas inquietudes, mas, acima de tudo, na alegria cintilante de uma estrela de destino que nos garante um descontentamento contente quando, apesar de sós, estamos sempre acompanhados. É também isso que o Caderno de Corda tem feito por mim, como mensagem perdida na garrafa pseudonimada das marés cibernéticas.
Retorno às fotos dos jantares anteriores e volto a constatar que, em não tanto tempo, tudo mudou para alguns de nós. Castelos se desmoronaram na fímbria enchente de amores, desamores, encontros e desencontros, batalhas e outras derrocadas desesperantes. No mesmo período, sonhos se realizaram em primaveras de Inverno e o encantamento ateou de surpresa a brasa de um Desígnio que sempre esteve dentro de nós - uma coisa indizível e inebriante que nos traz juntos há tantos anos, predispondo-nos mutuamente, preterindo a esterilidade quotidiana.
Há muito que este jantar transcendeu a liça cibernética, resgatando o virtual para a mais tangível realidade dos afectos - jantar que é igualmente um feito de todos, muito além da mera celebração do aniversário deste blogue: o jantar dos que abrem as portas ao Mundo, sem medo da felicidade, como me sugeriu, em tempos idos, uma expressão icónica constante no
blogue do Gustavo, que recupero, reformulando-a, de quando em vez para aqui.
Brindámos, mais uma vez, à amizade, ao reencontro, à certeza do que foi, do que está para vir - do que é. Um brinde nosso; não do Caderno de Corda, mas um brinde que muito honra este blogue e o seu autor - mais: que lhe confere a autenticidade e o fito das coisas partilhadas e vividas. Em suma, a efeméride não pode passar sem concretização à mesa; o Caderno de Corda não se pode fazer sem isto.
Este ano tivemos algumas estreias: Bruno Sardo, Carlos Nunes e Miguel Leão Miranda (a Mariana Azevedo Peres apareceu depois da foto de grupo). Apesar de confirmados, não puderam comparecer Paulo Amaral e família, e Hugo Dantas. Em dúvida estiveram muitos outros Amigos, alguns dos quais reincidentes n' O Jantar, como os irmãos Tomás, o João Trigo, a Constança Amaral, a Sara Amaral, o Felipe Gomes, a Margarida Geraldo, a Carolina Pinto ou a Joana Gonçalves, a quem deixo Aquele Abraço e, desde já, o convite para o próximo ano. Por isto, insisto que a vossa amizade é um privilégio que defendo como a um tesouro à vista. Siga mais um abraço a todos os estimados leitores e Amigos que, por incontornável impedimento, gostariam de ter levantado ferro, à tona do éter morno onde navegam resignadamente os desolados pescadores de Umbigo, mas não puderam.
Depois do jantar, eu, o Pimenta e o Carlos ainda fomos beber mais um copo ao Foxtrot, que se recomenda, mas não conseguimos jogar a snookerada prevista por a mesa se encontrar indefinidamente ocupada. O Caderno de Corda promete, para breve, a publicação de uma nova canção, chamada 'Mãe', que já está escrita e parcialmente gravada há quase um ano, mas cujos trabalhos de mistura e masterização estão a demorar mais do que o desejável, especialmente porque serão feitos com o meu querido Sebastiano Ferranti (Bill), em sua casa, mas o Bill foi pai muito recentemente, aliás, tal como o César Silveira...
Como sempre nesta ocasião, o cabeçalho do Caderno de Corda está agora actualizado, podendo ler-se, no final da animação, Anno VIII.
Para o ano há mais. No mesmo sítio, à mesma hora.
Assim seja.
Links para posts análogos dos aniversários anteriores:
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