Olhos Caninos ao Fundo da Cama
Tenho há pacientes minutos a caneta apontada sobre o canto superior esquerdo da folha de papel. O olhar esteve perdido em pontos indefinidos de um horizonte que perpassa a televisão, a mobília, o aquecedor a óleo, a parede, a rua lá fora.
Mas dois olhos negros perscrutantes, curiosos e caninos, ao fundo da cama, interpretando atentamente a minha estranha ausência, revelam mais perspicácia, inteligência e poesia do que eu saberia escrever. As pessoas têm o terrível hábito de pestanejar demasiado. E perdem o instante.
A Jane Simmons
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