sábado, agosto 29, 2009

Até logo, tio Fernando

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quinta-feira, agosto 20, 2009

Azarujinha, S. João do Estoril. DAQUI

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sábado, agosto 15, 2009

Com Cheiro de Alecrim

Era quase sempre de dia quando brincávamos, como num filme antigo mas de cores garridas. Levavas-me pela mão; outras vezes corrias à minha frente, porque preferias pão com manteiga às sopas de café com leite. A Calçada cheirava a roupa lavada, soava a amolador e já então sabíamos estar em território místico, ainda que o não pensássemos.
Lembro-me de identificar-me em ti e de perceber porque éramos primos. Lembro-me de ver-te saltar destemidamente, entre os rapazes, de um rochedo assustador para o mar, que rompias num gesto gracioso. Nenhum te igualava e eu era o primo mais orgulhoso da Azarujinha. Lembro-me de te respeitar por isso e de te achar bonita; de como já eras crescida e de os dias clarearem quando nos juntávamos, porque estávamos de férias.
Deves lembrar-te do jogo de espelhos e reflexos que conduzia a luz do sol à casa de banho remediada, ao fundo, paredes-meias com a muralha fernandina, na penumbra da cozinha. Esse raio de luz desenhava partículas suspensas no ar num bailado perfeito e belo de coisas simples, como nós, ainda hoje, as recordamos sem sabermos; olhamos no fundo dos olhos nossos e sabemos fazer sentido, reconhecendo, no outro, a criança que sempre esteve em nós, e um legado ainda vivo. Não sei se te lembras daquele disco de 88 - o do "Porto Côvo" e do hit que antecipou a reforma do Cetera...
Sei que não esqueceremos os programas de rádio; as rúbricas; as tuas personagens e os sotaques; o agricultor ou a tia de Cascais; as minhas entrevistas e mixagens a dois decks; as cantorias hilariantes, entrecortadas por risos insustentáveis; as letras nonsense; os Vaya con Dios; "Puerto Rico"; o precoce humor inglês... do Norte. O momento poético "Poesia com Ela"...

"A minha casa é pequenina,
mas eu gosto muito dela.
Tem um quarto e uma cozinha;
uma sala e uma janela."
Lembras-te, prima? Lembrar-me-ei sempre de um regresso de braços abertos à Calçada e aos Birbantes, porque a vida é madrasta, mas escreve-se por linhas tortas. De um mal podem brotar inúmeros benefícios, e tudo é ganho quando não se tem tecto. Mas muito mais do que um sótão onde antes se guardavam mistérios e pó, redescobri um amor imenso numa arca que tens no peito.
Há pouco tempo, em casa do meu pai, encontrei um bilhete de identidade, um cartão de eleitor e um velho papel amarelado, daqueles usados pelos contabilistas da primeira metade do século passado. Continha anotações filosóficas e bíblicas - muitas! -, lembretes, contas, numerologia e rascunhos poéticos.

"Nossa família amorosa
tem cheiro de alecrim.
Ainda que estejam longe,
estão sempre perto de mim."
Estou certo de não precisar de atribuir autoria para que a reconheças. Mas as palavras, com este cheiro de alecrim, são dela e nossas. Serão um dia do David, que o mensageiro Gabriel pode ter caído (Revelação 12:4). Estás sempre perto de mim.
A Marta de Brito Simões

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segunda-feira, agosto 10, 2009

Bons Tempos

No radar da minha insónia
o uivo de que tudo à minha volta
vai morrer ou mudar,
não para o bem nem para o mal;
simplesmente além da justiça ou do Homem.
Nada tenho, senão um dia a mais que ontem,
e de nada me valia saber no exacto instante
que eram aqueles os bons tempos
- desprezaria o futuro como o jornal de anteontem.
Mas, se o soubesse, talvez não os esbanjasse.

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sábado, agosto 08, 2009

Primeiro poema publicado no Brasil

No dia 14 de Maio passado eu anunciava aqui duas surpresas: a publicação de dois poemas inéditos em duas obras distintas. Um dos poemas apenas será dado à estampa no início de 2010, incluído numa antologia poética sobre a Música, organizada pelo poeta Amadeu Baptista para o Conservatório de Música de Viseu. O outro já foi publicado no mês passado e está inclusivamente disponível para venda ao público, mas apenas no Brasil, por ocasião do 9.º Concurso de Poesia da Universidade Federal de São João del-Rei, no estado de Minas Gerais.
Acima encontra-se a capa do livro, do qual me serão enviados dez exemplares. E é aqui que entra o estimado leitor. Ofereço cinco exemplares às cinco primeiras pessoas que acertarem no poema escolhido. Perante o aparente abandono do Caderno de Corda, e tendo em conta que o Verão é inimigo dos blogues, tenho dúvidas que alguém sequer participe. Pode ser que sim. Uma dica: o poema conta a estória de um jovem rapaz. Em breve há novidades de outra índole...
n.b. - A moderação de comentários foi excepcionalmente activada para evitar que as respostas sejam viciadas por comentários acertados.

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