terça-feira, setembro 18, 2007

Ser Benfiquista



Sou do Benfica
E isso me envaidece
Tenho a genica
Que a qualquer engrandece

Sou de um clube lutador
Que na luta com fervor
Nunca encontrou rival
Neste nosso Portugal.

Ser Benfiquista
É ter na alma a chama imensa
Que nos conquista
E leva à palma a luz intensa
Do sol que lá no céu
Risonho vem beijar
Com orgulho muito seu
As camisolas berrantes
Que nos campos a vibrar
São papoilas saltitantes.

No dia em que o Glorioso regressa a San Siro, mas desta feita com o maestro de águia ao peito, eis a muito procurada história do hino do Sport Lisboa e Benfica, inesquecivelmente cantado para a posteridade pelo grande Luís Piçarra:

Paulino Gomes Júnior era o director do jornal do clube. E também ele queria dar ao Benfica uma coisa especial. Uma canção, por exemplo. Uma canção que entrasse no ouvido e no coração e servisse de encorajamento para a caminhada que havia pela frente. Escreveu a letra, a música, e ensaiou tudo a preceito com Luís Piçarra, que ofereceu a sua voz sem par. A estreia em público ficou aprazada para a noite de 16 de Abril, no Pavilhão dos Desportos, por ocasião de um sarau com a receita a reverter pró-Estádio. Seis mil benfiquistas responderam à chamada, enchendo o recinto. A canção de Paulino Gomes Júnior e de Luís Piçarra seria a surpresa da noite. Desconhecendo como o público iria reagir, autor e intérprete aceitaram que a sua actuação acontecesse, discretamente, entre o número musical da artista paraguaia Sarita Antuñez, vedeta do Teatro Apolo, e a exibição do conjunto da «dinâmica e revolucionária» Alzirinha Camargo. Nervosos, os dois homens subiram ao palco. Paulino Gomes Júnior dirigiu-se ao piano, Piçarra ao microfone. A assistência agitou-se naquela desconfiança que sempre suscita a apresentação de uma novidade. Mas quando Piçarra entoou as notas finais de Ser Benfiquista a casa veio abaixo.Conta o jornal O Benfica o que se passou: «O sarau acabou por provocar manifestações clubistas como raras vezes temos visto. Vibrantes, apoteóticas, plenas de euforia, como foi a primeira audição de Ser Benfiquista, culminando em êxito tão clamoroso que o público ovacionou longamente, de pé, autor e intérprete. O próprio maestro, Vítor Bonjour, cederia a batuta ao dr. Paulino Gomes Júnior para que este dirigisse a orquestra na repetição do número.»Nasceu, assim, inspirada pela construção do Estádio da Luz, a canção que ainda hoje se ouve quando o Benfica entra no seu campo. A emoção dessa noite de estreia, há quase meio século, contagiou até os polícias de serviço. «Era de 363$00 a importância da folha de serviço dos guardas destacados para o pavilhão. Tal quantia, porém, foi entregue ao clube pelo senhor Domingos Ribeiro, polícia municipal que, em nome dos seus colegas, afirmou prescindirem dela com muita satisfação, dado o fim a que se destinava – engrossar a lista de dádivas pró-Estádio do Sport Lisboa e Benfica.»

Texto DAQUI

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quinta-feira, abril 12, 2007

Poema Pletórico

Às costas do príncipe Rui,
largas como o estádio,
onde amiúde feliz fui
na arena de lutadores sem gládio,
teremos campanha de vitória
gizada pelo dez entrado no onze
- nobre losango de egrégia glória
moldada em ouro, prata e bronze.
E orquestral futebol de paixão,
no vértice superior ambidestro
da oblíqua geometria de Simão,
será conduzido pelo Maestro.


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quinta-feira, abril 05, 2007

Poema Sanguíneo

A 360 minutos de nova final,
escarlates, encarnados, rubros, vermelhos
poemas já escrevi de estro tal,
que cega paixão feita escolhos
afundará o navio Espanhol,
enchendo de esp'rança corações e olhos
jamais soçobrantes ao naufrágio do futebol.
O Benfica vence até quando não ganha.

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quarta-feira, abril 05, 2006

Poema Escarlate

Quem fala de futebol e não sente,
não sabe o que faz sonhar a pobre gente,
perdedora da vida sempre,
vencedora quando o Benfica vence.

E então somos todos contentes,
neste recanto do mundo impaciente,
capazes de, juntos, sermos maiores que o mundo,
maiores no golo, num uníssono profundo.

(O que traz a poesia ao futebol,
senão nós, pequenos gigantes,
que acendemos um sol
quando joga o Benfica,
e esquecemos os lúgubres prantos?)

Sejamos grandes como dantes!,
que esta página urge ser escrita!
Sabemos ser pobres mas infantes
da Descoberta mais bonita:

A de que somos capazes
de fazer a própria História
contra os maiores ventos e tempestades,
sobrevivendo aos escolhos,
atrevendo-nos em glória.

Já fomos jovens rapazes
mais ou menos loquazes
em palavras ou actos,
de nós todos memória.

Tivemos o mundo colado aos pés;
somos o Brasil da Europa.
Driblamos dois, driblamos três,
fazemos do Mantorras anjo-negro-cometa
que hoje pode chutar uma estrela,
fintar sem aviso todo o planeta.

Dá na anca, dá no peito,
beija a bola no joelho,
dá de bunda, dá com jeito,
Mantorras, faz chorar de alegria o País
no mundo inteiro!

Seja presságio o Poema Escarlate
da fé depositada no menino de Angola,
que, de um chuto na bola,
fará ao Barça xeque-mate.

Minutos finais do embate.

n.b. - Lembram-se do Vata? Topo Norte. Estava ali tão perto... O talismã devia jogar. Se assim Koeman decidir, terá em si canalizada a força de 5000 homens.

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terça-feira, março 28, 2006

Poema Rubro

Quando é um dia assim de futebol, os astros brilham na terra,
os corações dilatam-se e a invernia faz-se pressa de chegar a casa,
ao estádio, ao café mais próximo, à esplanada coberta sobrelotada do centro comercial.
O jogo começará a zero. De novo possíveis todos os sonhos,
que, Gloriosos, uma massa de impossíveis sonhados em fé torna reais.
A bola é redonda na volúpia de chutar à baliza num palco mundial,
no recreio da escola, na marquise da parte traseira da casa, no hall.
No momento do golo, sentirá o Simão o que sentiu em menino:
um imenso e feliz desatino, ao dar aos pés astúcias de mão.
Menino, sentiu-se o craque tão jogador de estádio cheio...,
bailando, feérico na camisola brilhante, um hino
de música do corpo em forma sacra aos olhos da multidão imaginária.
Manuel, resgata o futebol à condição primária de brincadeira.
Tu, rubro de berço, terás lido tantas vezes “olhem para o puto”, à entrada no túnel da Luz.
O futebol é simples: quem tem a bola ataca; quem não tem defende.
Barcelona adormece serena num excesso claro de confiança, paciente.
Nuno, espera-se de ti um rasgo de clarividência certeira fulminante!
Disse ontem, para o duelo ibérico, em conferência, Koeman desconcertante:
«Eles também só têm duas pernas.» E duas não são demais.
Se tu, Nuno, não acertas, teremos Mantorras, que tem três pernas ou mais!

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quarta-feira, março 08, 2006

Poema Encarnado

E depois de vencida uma primeira batalha,
mostrámos ser campeões da mesma igualha,
depois do fulgor inspirado, estro futebolístico
da nossa vontade, nosso sonho tão místico.
Vencida não está certamente ainda a guerra,
mas depois de Liverpool nenhuma porta se encerra.
Numa caminhada já brilhante, unidos seremos tão fortes
que nem em Anfield caminhamos sós; seremos muitos consortes
sofrendo, em 90 minutos apenas, a esperança feita centelha
imortal, certeira, encarnada ou vermelha.
Em Anfield não caminharemos sós
e, se acaso assim os ingleses cantarem para nós,
em português se sobreporão muitas numa só voz.

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terça-feira, fevereiro 21, 2006

Poema Vermelho

Pela noite, branda e azulada,
o canto dos grilos, a cigarra a fretenir
sons estridentes ao largo da estrada,
e ao fundo, numa ilha, o som de uma guitarra
a lamentar heróis que não chegaram a sorrir
pela algazarra de Liverpool estridulada,
que só os Beatles foram campeões perenes.
Enverguem hoje a camisola encarnada
os deuses da Luz deslumbrante do sonho.

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