Etiquetas: Hipertexto Vazante, Imagens e Afins
domingo, julho 26, 2009
Leite Negro
Leite negro de uma manhã por nascer,
debaixo de um pneu que eu tivesse comprado
recauchutado, com prego e tudo.
Noutra manhã acordei a meio da tarde
com o nariz entupido, como se não fosse de Lisboa.
Era fumo e os alvéolos indispostos
como eu com o álcool.
Aqui não há velhos nem jardins,
e suspeito que as famílias vivem de outro modo,
como se partilhassem uma estância de férias,
mas ao contrário.
Aproximam-se as eleições
e o dinheiro continua a ser gasto em papel
- não em trabalho; não em pessoas.
Há-de chegar o dia em que o progresso não conseguirá evitar o Progresso.
debaixo de um pneu que eu tivesse comprado
recauchutado, com prego e tudo.
Noutra manhã acordei a meio da tarde
com o nariz entupido, como se não fosse de Lisboa.
Era fumo e os alvéolos indispostos
como eu com o álcool.
Aqui não há velhos nem jardins,
e suspeito que as famílias vivem de outro modo,
como se partilhassem uma estância de férias,
mas ao contrário.
Aproximam-se as eleições
e o dinheiro continua a ser gasto em papel
- não em trabalho; não em pessoas.
Há-de chegar o dia em que o progresso não conseguirá evitar o Progresso.
Etiquetas: Poesia Cordiana
quinta-feira, julho 23, 2009
Clique AQUI para ouvir "The Fixer", o 1.º single do próximo álbum dos Pearl Jam, "Backspacer", com lançamento marcado para 20 de Setembro
Etiquetas: Advertências, Hipertexto Vazante, Música, Notas Internas
terça-feira, julho 21, 2009
Corpúsculo
Não posso arrancar do céu uma estrela,
como se para fazer poesia bastasse escrevê-la,
mas posso olhá-la, compreendê-la
e fazer dela motivo do poema.
como se para fazer poesia bastasse escrevê-la,
mas posso olhá-la, compreendê-la
e fazer dela motivo do poema.
Etiquetas: Poesia Cordiana
sexta-feira, julho 17, 2009
Acho que o Caderno de Corda a ricochetear no Facebook me inibe...
Etiquetas: Banalidades, Da Blogosfera, Quotidianos, Suspiros
quinta-feira, julho 16, 2009
Finalmente, um sobrinho em 2009!
O Henrique Miguel Rodrigues Trigo nasceu na Maternidade Alfredo da Costa, terça-feira, às 23h45, com 3.324 Kg - um calmeirão, portanto. Filho do meu muito querido amigo João Trigo e da simpática Susana, deu algumas horas de trabalho de parto, mas tudo correu pelo melhor.
As fotos foram tiradas logo após o nascimento e enviadas hoje a amigos. O pai diz que se parece com a mãe, mas, pelo sim; pelo não, quer manter as semelhanças por aí... É que o Miguel Trigo, com porte de defesa central ou ponta-de-lança, vai ser sportinguista à força...
Como alguns saberão, o João Trigo mexe uns cordelinhos na revista PC Guia. De tal modo está inebriado pela paternidade, que temos, em primeira mão, a polémica capa da próxima edição da revista - óbvio abuso de poder e manipulação de um órgão de comunicação para noticiar o feliz acontecimento!:
Etiquetas: Hipertexto Vazante, Imagens e Afins, Notas Internas, Quotidianos
Eu Digo-te
Como escrever poemas se me irritam os trejeitos, os malabarismos, as lamechices?;
se me aborrecem palavras "d'oiro", tão rebuscadas e pirosas na mesma medida?;
se um código poético se apresenta hermeticamente indecifrável?
Pergunta-me porque escrevo e eu digo-te:
Porque me sinto acompanhado.
se me aborrecem palavras "d'oiro", tão rebuscadas e pirosas na mesma medida?;
se um código poético se apresenta hermeticamente indecifrável?
Pergunta-me porque escrevo e eu digo-te:
Porque me sinto acompanhado.
Etiquetas: Poesia Cordiana, Suspiros
segunda-feira, julho 13, 2009
Excerto incompleto da primeira edição do documentário Zeitgeist, de Outubro de 2007. AQUI pode encontrar-se a edição final do filme, de Março de 2008
Etiquetas: Conspiração, Hipertexto Vazante, História, Religião, Revolucionando, Totalitarismos, Vídeos
Mito
A voz, ao nascer,
caminha sobre um espelho partido.
Ao nascer, a voz
remete-se a silêncios aflitos.
Do ventre donde tinha vindo
escondeu-se e foi carpindo.
Silente consentiu o mito,
comeu o pão e foi bebendo o vinho.
A voz, estilhaçada,
sobrevoa o tecto de uma casa,
e o chão é voz
de um urro de dentro da Terra.
Do ventre donde tinha vindo,
sussurrou o milho ao moinho
e abriu fendas que levantam mares;
devoram homens; arrasam cidades.
A voz chega-nos ao ouvido
vinda do ventre de um dragão faminto
aprisionado na jaula de vidro
onde Hórus é mito e não Cristo.
caminha sobre um espelho partido.
Ao nascer, a voz
remete-se a silêncios aflitos.
Do ventre donde tinha vindo
escondeu-se e foi carpindo.
Silente consentiu o mito,
comeu o pão e foi bebendo o vinho.
A voz, estilhaçada,
sobrevoa o tecto de uma casa,
e o chão é voz
de um urro de dentro da Terra.
Do ventre donde tinha vindo,
sussurrou o milho ao moinho
e abriu fendas que levantam mares;
devoram homens; arrasam cidades.
A voz chega-nos ao ouvido
vinda do ventre de um dragão faminto
aprisionado na jaula de vidro
onde Hórus é mito e não Cristo.
Etiquetas: Poesia Cordiana
domingo, julho 05, 2009
Paterno
Desejar é vital como a dor confirma o estado de estar vivo
- especialmente perante a merditude das coisas,
e "A Merditude das Coisas" é dos melhores títulos dos últimos tempos.
Tu sabes que um sorriso falso nos esmorece,
entretecidos pela aragem quente de Lisboa.
Talvez por isso prefira não sorrir a maior parte do tempo.
Para existir tenho de te contar as estórias de um peixe grande
as vezes que forem necessárias, até que as tomes por verdadeiras.
Em breve pego em ti e vamos estrada fora;
esquecer que as coisas têm preço;
montar a tenda ilicitamente junto à praia
e deixar ir o carro em ponto morto, ir
até que nos tomemos por Homens;
capitães penteados pelo vento.
Não aguardes por mim.
Apareço quando menos esperares.
- especialmente perante a merditude das coisas,
e "A Merditude das Coisas" é dos melhores títulos dos últimos tempos.
Tu sabes que um sorriso falso nos esmorece,
entretecidos pela aragem quente de Lisboa.
Talvez por isso prefira não sorrir a maior parte do tempo.
Para existir tenho de te contar as estórias de um peixe grande
as vezes que forem necessárias, até que as tomes por verdadeiras.
Em breve pego em ti e vamos estrada fora;
esquecer que as coisas têm preço;
montar a tenda ilicitamente junto à praia
e deixar ir o carro em ponto morto, ir
até que nos tomemos por Homens;
capitães penteados pelo vento.
Não aguardes por mim.
Apareço quando menos esperares.
Etiquetas: Poesia Cordiana