quinta-feira, março 27, 2025
quinta-feira, fevereiro 13, 2025
Anno XIX – O Jantar
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- Anno II - O Jantar
- Anno III - O Jantar
- Anno IV - O Jantar
- Anno V - O Jantar
- Anno VI
- Anno VII
- Anno VIII - O Jantar (ou O Regresso)
- Anno IX - O Jantar
- Anno X - O Jantar
- Anno XI - O Jantar
- Anno XII - O Jantar
- Anno XIII - O Jantar
- Anno XIV - O Jantar
- Anno XV
- Anno XVI
- Anno XVII - O Jantar
- Anno XVIII - O Jantar
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segunda-feira, novembro 11, 2024
Jane (7 de Dezembro de 2008 - 11 de Novembro de 2024)
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sexta-feira, outubro 04, 2024
Nova canção: "Não Esqueças de Lembrar" [4’16”]
Um amor grande
como um mar sem praias
Quando te vi
fui de alegria às lágrimas
E nos teus olhos
não deixes de lembrar
… os meus
E enquanto puderes lembrar
não esqueças de cantar
Nos teus olhos brilha o mar
e um pôr-do-sol aberto de par em par
E nos teus sonhos
não deixes de sonhar
… os céus
Amanhã de manhã
vai brilhar uma estrela,
é aquela que revela
não haver adeus
Dessa janela
não esqueças de lembrar
… os teus
Hás-de poder cantar
esta canção de embalar
a quem a souber ouvir
e mais tarde escutar,
a quem seja para nós
uma bênção de Deus
Não te esqueças de a cantar aos teus
Amor meu,
coração fora do peito,
contigo sou inteiro,
somos um desse jeito
Somos um só grito,
infinito,
amor perfeito,
não esqueças de lembrar
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domingo, setembro 08, 2024
Infinito
uma fracção de segundo
condensando toda a matéria,
passado, presente e futuro,
fusão comprimida de cristais
onde já nos encontrávamos,
e mil gatos, areias e mares antigos.
Houve explosões, expansões, reacções
e a remota improbabilidade
de que o primeiro rio, o primeiro sismo,
tenham feito rolar a primeira pedra,
cumprindo o curso exacto
de formas prometidas
e eventos necessários
para que aqui estejamos nós,
em Milfontes, tecendo presente,
moldando futuro, segurando infinito.
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sábado, junho 01, 2024
Crónica e fotos d'O Jantar do XIX aniversário brevemente
Estimados leitores e confrades cordianos, a publicação da crónica e das fotos d'O Jantar do XIX aniversário do Caderno de Corda está significativamente atrasada por motivos que se prendem com a priorização de projectos artísticos, nomeadamente literários, que me ocupam os tempos livres. Ao momento ainda não foi desenvolvida a crónica nem as fotos foram editadas, mas prometo fazê-lo o mais brevemente possível. Este ano faremos um registo menos ambicioso, mais simples, dadas as circunstâncias e o tempo disponível, mas em 2025, ao vigésimo aniversário do Caderno de Corda, promete-se uma celebração nunca antes vista. 'Té já!
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quarta-feira, maio 22, 2024
Deus Está na Chuva
no fumo ondulante do cigarro,
formando sombras espectrais,
rostos de sereias e corpos de amantes,
antílopes que brincam na casa do lago,
sem medo e sem pressa,
onde a morte por desventura
seja apenas mito, promessa.
Severin espera-te lá,
onde não há coincidências,
onde cada bala apanhada com os dentes
seja a ilusão que desmente
a morte imaginada.
São gomos de areia molhada
os pés que pisaste, bem-me-quer desfolhado,
no olhar assustado que me lançaste.
Dizem que bebeste a solidão,
que escorreste a garrafa que repousa
em estilhaços, como tu, no chão.
Bendito esquimó que não conhecia
a Deus, pecado ou religião.
Invento mentiras para contar a Verdade.
Deus está na casa do lago,
nas sombras que se desvanecem,
nos sonhos que nunca adormecem
e na vida que, sem desventura,
após a morte eternamente floresce.
N. do A. – Poema composto a partir da reescrita do poema “Ficção”, redigido em Maio de 2009 e publicado em 2012 no livro “Sétima-Feira”, e da letra de uma velha canção, titulada “Areias de Júpiter”, que nunca chegou a ser gravada. “Ficção” fora dedicado a Kurt Cobain, em parte inspirado por Velvet Underground.
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Mais que Eternidade
melodia transformada em saudade e cântico.
É preciso cantar-te às pedras que não clamem por nós,
é preciso largar um dilúvio que se estanque na pauta,
esquecida sob o tampo da partitura do silêncio,
ao resgate do milagre, da simplicidade mundana,
da descoberta sagrada e da existência profana.
A vida é sempre a perder, mas a música é eterna.
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quarta-feira, março 27, 2024
19 anos de Caderno de Corda
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sábado, março 23, 2024
Anno XIX - O Jantar (convocatória)
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segunda-feira, março 11, 2024
Feliz Agora (Porra!)
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e o verso flui na ponta da escrita automática,
corrente como água sem ter para onde.
Na dança acelerada de dias alados,
de clepsidras arenosas como rios secos
e de consumos vorazes em vitrinas expostos,
a vida, subtil, verte-se entre dedos, sabemos
- palco de ilusões, espetáculo frenético
de música apressada e caos poético.
Desumanizado, excedente, o consumidor
perde a essência do gosto, perde o sabor,
despreza lamentos em caligrafia lenta
e versos que abraçam partidas impossíveis.
Num portal para nenhures um poeta sem choro
rascunha a efemeridade de ilusões adiadas.
Num beco urbano um palhaço plange e soluça.
Conhece uma jovem. Ela dá-lhe um arco-íris.
trariam fama, fortuna e glória se bem executadas,
mas a perícia sensível do virtuoso está muito desvalorizada
perante a tirania do limiar da pobreza
e do trabalho pela sobrevivência,
e não poderíamos ter todos fama, fortuna e glória.
São precisos inúmeros pobres para fazer um rico
e demasiados amenistas para carregar um líder.
Estupendas são as corrupções políticas,
os escândalos financeiros e o chico-espertismo,
mas não chegam para vomitarmos à mesa diante da televisão.
Afinal, eles são da nossa cepa, são os que se chegam à frente,
oportunistas vaidosos, munidos de bandeirolas, panfletos e bonés.
Passez à-la-caisse! Passez à-la-caisse!
A Pessoa, o poeta, cheirava a tinta fresca de tipografia…
Hossanas a quem conhecer o cheiro de cartazes
recentemente impressos, colados a pincel,
e a quem, dentro de pouco tempo,
souber como se folheia um jornal;
como se conduz um camião TIR;
como se atende um cliente a sorrir.
Os armamentos gloriosamente mortíferos
ainda não acabaram connosco de vez.
Ouvi dizer que somos do interesse de extraterrestres.
Mas tudo é vida fascinante, até nas montras brilhantes
com dons curativos de afeções de alma
e de espíritos voluptuosamente errantes,
ainda sabendo que os astros são os mesmos
que inspiraram os mestres de Da Vinci
e que o Sol é o próprio que tisnou Cleópatra.
Ah, e as vidas complexas da gente que aos andaimes sobe
sem outro fito que não a gente que à braguilha desce.
A indigência moral não assenta aos perdedores,
àqueles que, destroçados, desistiram de competir,
incapazes de depredar, derrotar, conquistar ou subjugar;
incapazes sequer de lutar pelo pão na mesa,
de limpar o suor nas mangas estiradas sobre os pulsos,
no entanto sujas de ranho e resíduos alimentares.
A luz do Sol abafa o silêncio das imitações de vida
de pobres, ricos e remediados, das bocas suturadas,
e havemos todos de morrer sem dar por nada.
Cá preciso de Liberdade para depois de velho ou morto.
A vida é mais custosa do que a vida que temos para dar;
é um recurso tão escasso quanto urgente, antes que morra,
e eu só tenho uma certeza: quero ser feliz agora, porra.
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terça-feira, março 05, 2024
Primado Aristotélico
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sábado, março 02, 2024
Liberdade É Escrever Poemas
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quarta-feira, fevereiro 21, 2024
O Teu Tempo É Quando
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"The Persistence of Memory", Salvador Dalí, 1931 |
Esquece-te do futuro!
Não adianta morrer.
A vida é uma ordem.
Aos ombros levas o mundo,
nos olhos guardas o mar
e nada esperas de ninguém.
A angústia define um tempo fundo
que tentas agrilhoar, deter
na pulsação de um poema.
Por que força, por que muro
podes o tempo suspender
em placidez suprema?
Nenhuma!, nenhum augúrio,
qualquer hipótese de prever
a negra sombra do dilema.
Tens mais passado que futuro
e sabes: o que estás a ser
é deixares de ser o que és.
Tiveste o mundo aos pés
quando nada tinhas
e todas as horas perdidas seriam ganhas
se na jarra da cozinha houvesse flores,
soubesses tu viver incauto,
alheio à voracidade do tempo.
Por que fica tarde tão cedo?
A noite é demasiado curta
se o tempo é para sempre.
Mas o tempo não existe, é segredo
guardado à dócil força bruta
na gestação longa de um ventre.
O tempo faz o vinho azedo,
mas também cura e transfigura,
nada perde, tudo transforma.
Todo o tempo é tempo de fazer o certo,
seja o tempo invenção da morte.
Não basta ir sendo numa cama morna.
O tempo não fez do longe perto
nem nos repisa à sorte
sobre a face da bigorna.
Anda em silêncio a orar no deserto,
regedor do céu e do inferno,
sob crepúsculos de asas pacientes.
Implacável, o tempo é presente
e nem perdoa a quem, num átimo de poesia,
conheceu a eternidade inteira num só dia.
Se o tempo remédio fosse, nenhum mal existiria.
Guerra, fome, a discussão lá na cimeira,
provam apenas que a vida prossegue como sempre.
Os imberbes tomam os velhos por tolos;
os velhos sabem que os imberbes o são.
Tempo de depuração.
Já te esqueceste do futuro?
Não adianta morrer.
A vida é uma ordem,
não uma saudade fotografada.
De manhã anoiteces,
pastor da madrugada,
de dia tardas
e de noite ardes pela alvorada.
O teu tempo é quando.
Para tudo há um
momento,
e tempo para cada
coisa sob o céu:
tempo de nascer e
tempo de morrer;
tempo de plantar e tempo de colher.
* A última estrofe, a itálico, traduz um excerto de "Turn! Turn! Turn!", dos Byrds, por sua vez uma canção original de Pete Seeger, cuja letra, excepto o título, repetido como refrão, e os dois versos finais, consiste na reprodução exacta dos primeiros oito versos do terceiro capítulo do livro bíblico de Eclesiastes.
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quarta-feira, fevereiro 14, 2024
A Escolha da Rosa
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DAQUI |
Ruas inacessíveis, becos sem saída,
incontáveis estradas bifurcadas.
Regressas à casa de partida,
dado a esperanças e encruzilhadas.
Quando as ilusões te salvam, meu menino,
predestinam a revelação dos teus segredos,
tendo a Lua por testemunha, iluminando-te o caminho,
deitando a teus pés, sobre a calçada, todos os medos.
Ali, duas estradas divergiam sob Sol candente
num momento imóvel e arrastado
que da paixão fez pressentimento
e abriu dois sulcos de um mesmo fado.
Não podias seguir por ambos,
mas a Roma dão todos os caminhos,
peregrinação de amantes sozinhos
que ao Amor conduzem desencantos.
Observaste o primeiro trilho:
desaparecia no horizonte,
serpenteante como um rastilho
a espoletar destino adiante.
Olhaste o segundo, vereda montanhosa
de subidas e descidas extenuantes,
e, ao fundo, uma única e serena rosa
decidiu por ti, num dramático instante.
Colhida a rosa, guardada húmida no bolso,
seguiste viagem, subiste e desceste,
caíste e duvidaste, temeste o impulso,
desejaste outro troço que não este.
Deste de beber à rosa pelo caminho,
junto à margem do rio, fio fino
de água entre estradas, traço azulino
que te saciou e levou ao destino.
Não podias esperar pela morte,
nem tua nem da flor
que entregaste à consorte
do teu destinado Amor.
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quinta-feira, fevereiro 08, 2024
Nove Dias por Semana
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sábado, fevereiro 03, 2024
Diz-me que Sim
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"Ceiling Painting/Yes Painting", Yoko Ono, 1966 |
Sorrindo na cara do desgosto,
fizeste da fealdade beleza,
reflectindo-nos obliquamente,
espelhos eivados,
transfigurados na intersecção radiante
de um inextinguível nexus luminoso
num riacho de mosto.
Como é que se diz, mãe,
que foste com a cabeça entre as minhas mãos vagas,
que te chamei e pedi para ficares
quando já não estavas?
Como se diz que te ia murmurando ao ouvido,
que te implorava para não ires,
e já tinhas ido?
Como se diz, mãe, que estiveste 45 minutos
de vestes rasgadas e peito desnudo,
e eu só te largava a espaços, sem toque,
para o desfibrilhador te acometer em espasmos
e nenhum de nós recuperar do choque?
Nasceste tão doce para acabar num corpo asfixiado,
magro e seminu, lábios arroxeados,
incapaz de responder à minha súplica,
no chão prostrada, ao lado da cama,
sem poesia nem música
- um corpo de nada, sem chama -,
já tu planavas livre, olhando-me de cima.
Emergiste grácil desse corpo, estou certo,
vaporosa como as cinzas, mas eu guardei-te perto,
germinada num vaso, cantada em verso.
Como água para azeite, regada a preceito,
a oliveira das minhas raízes pende do parapeito
para alcançar céu aberto.
E os anjos, suspirantes numa frágua de amor
devoto como eu a clamar o teu nome, mãe
- porque mãe é o teu nome de santa -,
olhavam-nos com o mesmo nó na garganta
que de então me aperta a laringe também.
Celestial e bendita, lirial,
silenciaste por fim mágoas e dores.
Ter-te-ás feito de todas as cores
e dos meus ais roseiral,
que te sei alígera e ágil,
ainda que levasses daqui
todas as partes de mim
que sem ti nem eu sei.
Quando nasci o mundo eras tu,
a tua palavra era lei.
E agora, mãe?
A que mundo me dei?
Podes dizer que me vês?,
que ainda sou o menino dos três
que adormeceu nos teus olhos
de ternura sem fim?
Ainda oiço a tua voz:
“… O teu berço adornei
e o pus junto a mim…”
Diz-me que sim.
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segunda-feira, janeiro 29, 2024
Melodias Silentes
suave, pairando sobre poços de tranquilidade
e sobre o deserto, corpo de vento
e de mares vazios em canyons sem idade,
na furtividade de dias e noites de relento.
Palavra-arte a céu limpo e aberto,
dorme sem tempo, sem chão nem verbo,
e dormem corvos à janela
e cães à minha porta
- nenhum sussurro abafado.
Arde, ruidosa, uma vela,
velando o silêncio entre notas
- o silêncio pontuado
que realmente importa.
Há qualidades incorpóreas
cuja existência, dupla, termina e começa
onde uma começa e outra termina,
à frente e atrás do espelho
- uma entidade gémea que desponta
da matéria e da luz, na solidez da sombra.
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quinta-feira, novembro 02, 2023
domingo, outubro 29, 2023
30 anos depois com Luís Osório na Feira do Livro de Coruche
Daqui:
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quinta-feira, outubro 19, 2023
Aquela Canção
até que a música me encontra
numa cegueira marejada
de prantos vulcânicos.
Transbordante, toma sentidos
de sentidos sussurrados
à intocada flor da pele.
Como se visse, intangível,
o som conhece-me melhor assim,
fosse tal coisa possível.
Em inspirada melancolia,
torna a tristeza poesia.
Casa é aqui, agora, na penumbra,
sob um lampião fundido.
O uivo da tempestade
e o gemido das ondas na praia
orquestram memórias primitivas
de um canto adâmico de areia
engasgado no diafragma;
de estrelas amarradas ao céu
e de uma face lunar que entoa,
à volta da fogueira,
canções de magma esquecidas há evos.
Vigilante está em tudo
e em toda a parte
uma melodia universal.
A música grava em nós
quando julgamos gravá-la.
o cheiro nectarino do cabelo
mesclado com o odor metálico de um brinco;
o pescoço deleitável e mavioso
ao alcance impossível da boca
quando toca aquela canção.
Regresso à noite em que caminho
sem caminho, de olhos no chão,
e encontro a cassete que me estava destinada
precisamente na noite do abandono,
quando as pedras da calçada pareciam maiores
do que o sono e do que qualquer estrela.
E ainda consigo, aos primeiros acordes,
estar ali de novo, de mãos nos bolsos ruços,
arrepiado, nariz pingado e carapuço,
sob um lampião amarelado da 24 de Julho.
libertado por duas pombas antes aninhadas
nas palmas destas mãos frias e suadas.
Sou o Redondo de Sanlúcar de Guadiana
que vinha de Alcoutim para jogar à bola,
e sou-o no nylon surdo de uma viola.
Sou a flauta de Pã e a roda de esmeril
avizinhando-se o amolador, mas sou sobretudo
o odor telúrico e mudo da Rua Martim Vaz,
tingido por roupa lavada a secar nos estendais.
E, como quem faz de nada tudo,
encontro-me eterno no beiral dos avós
a pensar se chamo a Rosário para o dominó.
o coração sincopado de mãe
e o mundo inteiro lá fora.
Do berço de agora e de todas as horas,
o rádio tocava a canção que me quer bem,
a rima rúnica de um terço anglo-saxónico,
entoada com pronúncia de Liverpool,
urdida num espectro sónico intrauterino
e explosiva num clarão lúcido e transparente
que iluminou de Sol materno ventre.
Misteriosamente, a canção sempre me conhecera,
como outras que pintam paisagens audíveis
em insulamentos fetais de supernovas,
mostrando-nos que somos do mundo.
a música exprimiu a mais alta filosofia
além da sagrada ausência de matéria,
dizendo-me que dentro estaria
tudo o que lá fora já era
- um horizonte eterno e infinito
de comoções que habito
numa paisagem cromática audível
de tempo e espaço profundo,
semitonado, subtil, inapreensível.
Vigilante está em tudo
e em toda a parte
uma melodia universal.
A música grava em nós
quando julgamos gravá-la.
Matemático, o som do silêncio
conforta o pobre e apazigua o rico;
comporta os justos e os injustos;
a ave, a vespa, a flor de trigo;
a morsa, o urso e a planta;
a respiração sustida, os seios robustos
de sensuais tágides de granito.
Em tudo alguma coisa canta.
Regresso à doçura de um estio
de sangue, açúcar, sexo e magia no ar
- Peppers em loop no rádio.
Faço uma serenata à beira-mar,
roubo o primeiro beijo à beira-rio
e ainda sinto, ao percutir dos tambores,
o traseiro frio nos degraus do Adamastor
e farejo emanações canábicas
a entreolhar miradas lustrosas e melancólicas,
desesperadas por aceitação,
entregues aos bardos de Baco.
Regresso aos bons velhos tempos,
esquecido de ter tido a cabeça na valeta,
levantada por um sem-abrigo.
Sirenes, mas nunca a silhueta
de uma cara sardenta
a encher-me o olhar.
Talvez a canção do desgosto
tenha encontrado o seu alvo
- um fogo posto, um rei morto,
um cupido alado
com péssima pontaria.
atrás da porta, a Salvador da Baía,
a um beijo de Chico e Caetano,
pés cruzados com pés morenos
a ver na TV programas gentios e plebeus.
Nos olhos teus o meu olhar era de adeus.
à conquista da Costa do Castelo
sob um céu vermelho-sangue
de druidas celtas contemporâneos
em noites brancas de trovadores em pelo
na relva interdita de São Pedro de Alcântara.
Em toda a parte alguma coisa canta
- no outono de débeis violetas,
no murmuroso assédio dos insetos.
A efemeridade é probatória
de sinfonias celestiais de Verão.
O som é ontologia da memória
e dança-nos de parte incógnita
quando toca aquela canção.
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quarta-feira, outubro 11, 2023
Ergo Sum
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em melodia que desarme ódios e discórdias.
Procura-se cidade submersa, berço-chave de civilizações,
e registo de diluviais e infinitas abluções.
Um canto diáfano fecundou a poesia imperfeita,
rudimentar e arcaica, rupestre, traduzindo o mundo,
perguntando-te ao que vens e o que és
diante da prudência silenciosa de deuses
que só existem porque se pensam à sua imagem,
egóticos e materialistas, mundanos.
E é esse o seu maior e mais profundo enigma:
a vista desarmada do Jardim onde nos esperam
todas as mães e todos os pais,
num Lugar onde a crença não tem lugar,
pois só a Verdade Ali se conhece.
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domingo, julho 23, 2023
Espaço Negativo
Se música não é o silêncio dramático que alicerça e precede o êxtase;
Se literatura não é a lacuna esfíngica que dá vazios a preencher de dúvida e emoção;
Se escultura não é a parte esculpida, removida, que provoca a emersão da forma;
Se o verbo omisso, compreensivo e transigente não é ação que transforma;
Se arquitectura não é o pátio amplo e despojado que sustenta o próprio firmamento,
Reneguem-se os conceitos, a estética, a arte, o amor, a ética
E oblitere-se a existência, a criação, o pensamento.
A omissão é presença. Em cada vazio há uma chance, uma crença.
Na beleza do que falta nada é negado, tudo é essência.
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quinta-feira, julho 06, 2023
Anno XVIII - O Jantar da Maioridade
Uma corrida de fundo.
Há 18 anos nenhum de nós imaginava que, um dia, estaríamos a celebrar o rito de
passagem do Caderno de Corda para a vida adulta, especialmente com tamanha
vivacidade e fulgor, à mesa, como inicialmente preconizado pelo Grão-Mestre
Gustavo Silva, patrono d'O Jantar. Na vida sucedem-se ritos e ciclos,
celebrações e reflexões sobre alegrias, conquistas e desafios, mas também sobre
fracassos, infortúnios e desventuras, as quais não há como enjeitar,
procurando-se seguir mais forte e sábio. No entanto, aqui, e por ocasião d’O
Jantar, temos refletido, vivido e cultivado sempre alegrias, e fazemos por que
perdurem.
O primeiro melhor amigo, a queda dos dentes de leite, o
primeiro dia de escola são marcos da infância, alguns dos quais partilhamos
entre nós em memórias ainda vívidas, porque pungentes e sentidas. Na
adolescência surge a ebulição hormonal, a rebeldia, a contestação aos valores
social e familiarmente estabelecidos, mas também o primeiro amor, o primeiro
beijo. Ainda assim, é, diz-se, a maioridade que representa a transição das
transições, com a entrada, por vezes forçada e prematura, na vida adulta.
Na idade adulta, ou idade da razão, são incrementadas, mais
sérias e mais definitivas as responsabilidades, assim como as consequências das
escolhas tomadas. Na maturidade, os sonhos tornam-se mais prementes e as opções
mais dificilmente reversíveis. A Liberdade de quem dispõe de autonomia não se
dissocia da responsabilidade pelo uso dessa mesma Liberdade. Tal consciência,
dotada de sabedoria, excede em muito o cumprimento de deveres e obrigações,
instigando os livres e autodeterminados a arpoar sonhos e a perseguir novas
aventuras e possibilidades de descoberta, em particular de si mesmos.
O autoconhecimento, que nos conduz a tomar um lugar próprio
no mundo – ou a sermos, nós próprios, um lugar -, beneficia do uso de saudável
disciplina, mas não necessariamente de disciplina formal, mecânica,
proficiente. Há, a montante, uma disciplina ontológica, se me permitem, que se
traduz em persistente resiliência e inabalável crença. O mantra: "Não
desistir." E assim se cumpriu, ao Anno XVIII, O Jantar; e assim Vos
escrevo de maturidade, não ousando dar lições de tal coisa a um cão de
companhia.
O Caderno de Corda e
o livro-eucalipto
Em boa verdade, a maturidade a que aludimos não será, na sua
génese e em teoria, relativa a uma pessoa, mas a um blogue que cumpriu 18 anos
e que, de há muito a esta parte, tem n'O Jantar anual de comemoração, que serve
de pretexto a muito mais do que apenas recordar escritos que nele se publicam,
o seu momento alto. Tal deve-se, nos últimos anos, à concentração de esforços
deste que humildemente Vos escreve na produção de uma obra literária que venha
a ser digna desse nome - um romance com laivos de distopia política como sempre
quis escrever e que, sendo uma empreitada quixotesca e de grande fôlego,
absorve as horas livres de criação, qual eucalipto, secando qualquer outra
veleidade criativa ou artística. Eis a razão (ou megalomania) primordial (e
ciclópica) por que o Caderno de Corda não tem publicado mais poesia, prosa ou
canções originais. Mas, se apontarmos ao Sol, talvez caiamos na Lua.
Novamente, a maturidade adverte-nos para que não se levantem
véus prematuramente, muito menos de obra inacabada. Ainda assim, em
perspectiva, pareceu-me apropriado utilizar uma impressão do referido trabalho
em curso (à data, cerca de 120 mil caracteres em 250 páginas A4, Times New
Roman, tamanho 12) para, através da consignação de folhas escolhidas por número
de página, munir os Confrades Cordianos de matéria a excisar para leitura de
trechos escolhidos e posterior criação de um vídeo comemorativo, como tem sido
apanágio do Caderno de Corda nas mais recentes edições d'O Jantar.
Simplificando, o vídeo resulta da escolha aleatória e da reorganização de trechos
extirpados de um epopeico romance distópico em moroso processo de composição,
mais uma vez com recurso a um intrincado mecanismo numerológico de cálculo por
página, a interpretação estética à luz da sequência de Fibonacci e a uma
avançada técnica de pot-pourri. Cada Consoror e cada Confrade escolheu
um número de página, um excerto e leu-o para a câmara.
Saiba-se que, quando Vos escrevi a quase totalidade desta
crónica, o vídeo ainda não estava sequer idealizado. Aliás, exceptuando o
presente parágrafo, tudo o resto foi escrito antes mesmo que todas as Consorores e todos os Confrades me remetessem os registos das suas leituras – aqueles de nós que não
chegaram a gravar na noite d’O Jantar. O último desses registos chegou apenas
há algumas semanas. A título de
curiosidade, escrevo-Vos todo este parágrafo, inserido a talho de foice após a conclusão
do vídeo, num apartamento em Marselha, junto ao Vieux Port, epicentro dos tumultos que
eclodiram por toda a França nos últimos dias, em resposta ao assassinato do
jovem Nahel, em Paris, às mãos da polícia. Ouvem-se as explosões e sente-se, por vezes, o cheiro a queimado e a gás pimenta sobreposto à lavanda marselhesa, seguindo-se um ligeiro ardor nos olhos. Fechamos as janelas. Os meliantes, muitos deles imberbes adolescentes, correm rua acima e gritam "Gucci, Gucci", mostrando os óculos e as malas a saque... Adiante, o vídeo é, como verão, composto em quatro actos, ao som de Richard
Wagner (prelúdio do primeiro acto da ópera “Lohengrin”), Dominic Muldowny (“The
Ministry of Truth” e “Winston's Diary, the Dream”, do álbum “Nineteen
Eighty-Four, The Music of Oceania”) e The Doors (“Riders on the Storm”, do
álbum “L.A. Woman”). A escolha de “Riders on the Storm” não é, no
entanto, minha, mas do Grão-Mestre César da Silveira, que, ao introduzir novos
elementos e uma outra abordagem, acabou por modelar e dar o tom para o trecho
final do vídeo. A quase totalidade das fotos é do Grão-Mestre Ricardo Pinto e
as ilustrações foram gentil e preciosamente cedidas pelo Irmão Cordiano e
Missionário da Arte e do Belo Nuno “Corado” Quaresma.
Quanto ao livro que, desejavelmente, concluirei no médio
prazo, posso dizer que se destina a leitores de todos os quadrantes, presentes
mas também - sei-o - futuros. Porque, como aqui se escrevia há um ano, «é certo
ser este o nosso tempo; o tempo para livres habitarmos a sua substância». E
nunca é tarde demais. Agora e sempre.
Anno XVIII - O Jantar
Portanto, alimentado de fraternidade, memória, sonho, futuro
e frango assado, O Jantar reuniu 25 à mesa no dia 25 de Março, casando números,
tal como, curiosamente, há um ano fomos 23 a 23 de Abril. Chegámos, no entanto,
a ser 30 Confrades no total, contando com a habitual e preambular presença do
clã Franchi-Costa (Leonor, Matilde, Rita e Rui Pedro) e, desta feita, também do
“padrinho” Joaquim Barbosa (Quim), que não ficou para jantar. Registe-se que,
ao décimo oitavo ano, este foi o terceiro jantar realizado em data discrepante
da data tradicional de 26 de Março, véspera do aniversário propriamente dito
(27 de Março), e o primeiro a antecipar-se à data.
Também antecipadamente, assim estava o Grão-Mestre João
Trigo à porta dianteira, onde esperou com estóica brandura e fraternal
compreensão. Uma buzinadela e um aceno à passagem, de carro; o estacionamento
apressado no parque e, passo rápido, os primeiros abraços, nas traseiras do
restaurante, a Hugo Dantas, André Nobre e André Paiva, que também já ali
aguardavam. Atravessámos A Valenciana por dentro e juntámo-nos ao Trigo,
heroicamente só na dianteira, para aquele abraço apertado, grato e reparador,
penitente pela delonga. Dali fomos para a Sala Fronteira, que a espaços
revelou-se demasiado quente, ruidosa e esconsa para o grupo, mas chegou à
conta, satisfatoriamente.
Mesa posta em “U” e acepipes na távola, foram entrando os
comensais. Rapidamente se formaram, grosso
modo, duas alas: a cruz-quebradense/dafundense e a salesiana, ambas
pontuadas aqui e ali por Consorores e Confrades Cordianos de outras paragens, e
alguns até de outras e de ambas, como é o curioso caso de Nuno “Corado”
Quaresma, Missionário da Arte e do Belo. “Sintonia sinérgica”, “convergência holística”,
“identificação simbiótica”, “assimilação integrativa” e “coerência
paradigmática” são todas expressões que, referindo-se a uma harmonia profunda,
colaborativa e produtiva, fértil, descrevem o modo como o já nosso genial
“Corado” corporiza um estado etéreo que flui alegre e fraternamente pelos
jantares cordianos. «Obrigado Meu Irmão pelo carinho e por estes momentos
mágicos de ligação com esta Rapaziada vibrante e cheia de boa energia. Que
possamos brindar muitas vezes nestes e noutros momentos de Criatividade, Amor e
Reencontro”, escreveu o Corado após O Jantar via chat.
Tivemos, mais uma vez, estreias sublimes que merecem
palavras especiais, como as das Infantas Rafaela Tomás, Daniela Tomás e Nicole
Araújo, que iluminaram a sala e os corações; do Confrade André Nobre,
primaveril e imune ao frescor da aragem, desejoso por dias mais longos e
luminosos, eternamente fascinado pela fulgência das ideias, e, por fim, da
maravilhosa Consoror Ana Rangel, cuja alegria e o brilho no olhar alumiam
candeias em olhos outros e tangem emoções francas. São lágrimas, senhor! De
alegria, concórdia e afetos partilhados, entretecidos. Registe-se, como é
práxis, que os estreantes selam com a sua inestimável presença a incorporação
definitiva na Confraria Cordiana. Repita-se: uma vez da Confraria, sempre da
Confraria.
Registamos também, como sói dizer-se nesta ocasião, notadas
ausências (eles sabem quem são) e o fenómeno dos globetrotters que, espalhados pelo mundo nesta data, não puderam
comparecer. Estamos gratos, no entanto, pelos que, against all odds, conseguiram estar e ser, um dos quais vindo de
uma regata no Tejo e outro do Porto, para dar os exemplos cabais dos Irmãos
Cordianos Quim e Piri, respectivamente. E já que estamos a mencionar
ex-Doroteias (Externato do Parque) que se conhecem desde os três anos, note-se
o desencontro, por pouco, do Quim e do Frederico Cruzeiro Costa (Fred), mas
também do Sérgio Miguel Ribeiro (Miguel), que esteve a uma unha de se estrear,
mas adoeceu e não pôde juntar-se ao quarteto do Externato do Parque, transitado
em bloco para as Oficinas de São José no ciclo preparatório.
Como disse o Irmão Fred à Ana no correr d’O Jantar, somos
corredores de fundo, e daí vem a expressão que enceta este texto. O meu querido
Fred teve de sair um pouco mais cedo para cumprir compromissos. À despedida,
nas traseiras do restaurante, onde eu e o Nobre fumávamos, tirou do bolso das
calças um olho turco em vidro que trouxe para oferecer a este Vosso escriba,
dizendo que me protegeria. Já falámos depois. No entanto, não lhe disse ainda
que a Rosarinho adorou o olho turco e adoptou-o mal o viu, mas que, sem incúria
dela, o olho se partiu alguns dias depois. Caiu no chão de mármore vitrificado,
deslizando do dorso da chave do aparador de entrada onde ela cuidadosamente o
pendurara. Chorou serenamente, interiorizando a perda e atribuindo-lhe
significado. Recolhemos os estilhaços e depositámo-los no lixo. Ficou
sensibilizada. E eu. Mas vim a saber mais tarde que, na cultura turca, se o
olho se partir terá cumprido a função de proteger os seus portadores, sendo que
o descarte respeitoso e correcto dos fragmentos prolonga a boa sorte e a
protecção.
Protegidos estaríamos também na presença do Grão-Mestre e
Grande Inspector Cuteleiro João Carlos Graça, que esteve num pacato
frente-a-frente com um seu velho amigo, o Grão-Mestre Hugo Dantas, acérrimo
arguidor de traquinagens, em particular daquelas executadas sobre a sua pessoa
enquanto dormita (recorde-se a despedida de solteiro do Pinto). Pois desta
feita o João guardou a despesa das travessuras da noite para o que Vos escreve:
já A Valenciana estava de portas fechadas e nós todos na rua quando descobri
ter no capuz alguma pequena cutelaria e o naipe completo de manteigas, patés e
queijos-creme que havia no restaurante, alguns encetados, já meio comidos. Mas
foram os garfos nos bolsos traseiros das calças que, durante o jantar, ao
sentar-me, agudamente me alertaram e indiciaram o mais que provável autor de
tão bicuda e, simultaneamente, substanciosa tropelia. Não havia dúvidas: também
a zombaria do couvert tinha a
inconfundível assinatura do Grande Inspector Cuteleiro.
Com o João esteve em peso a fraternidade da geração Y da
Loja Cruz Quebrada: João Carlos, André Paiva, André Nobre e Bruno Sardo. Para
representar integralmente a estreita irmandade faltaram apenas o Grão-Mestre
Bruno Tomás e o ainda candidato a confrade Miguel Lopes (Miko). Ambos
confirmaram a presença, mas, crê-se que por motivos relacionados com distúrbios
gastrointestinais, não puderam comparecer, lamentavelmente indispostos.
Sentimos as suas ausências. Não deixamos, nesta linha, de registar duplas épicas que se reintegram n’O Jantar como se o tempo por elas não passasse:
João Trigo e Dino; Pedro “Piri” Farinha e Miguel Guerreiro Pereira; Gustavo “KJ”
Silva e César “Kaiser” da Silveira; Ricardo Tomás e Ricardo Pinto e múltiplas
outras duplas de sonho e eternidade conjugáveis e intermutáveis, como Corado e
Jacinto, sendo que apenas o Corado compareceu este ano, apesar da ausência do
seu Irmão. Fazendo uso de ideias recorrentes nesta ocasião, e constatando que
este foi O Jantar mais concorrido de sempre, verificamos mais uma vez que a
Amizade que nos une é exponencial e contagiante, e as nossas vidas seriam menos
do que outras sem do outro a nossa parte.
Menos do que outra sem o Grão-Mestre e Perene Patrono
Cordiano Gustavo Silva, que chegou mais tarde, cansado, de olhos a meia-haste,
fazendo lembrar os olhos de madrugada a jogar Premier Manager na Calçada de
Santo António, mas com a resiliência de sempre, apesar das cansativas tiradas
Lisboa-Porto. Saiu mais cedo, mas esteve bem presente.
Menos do que outra sem o Grão-Mestre, Guardião do Tombo e
Venerável Cavaleiro Prismático Ricardo Pinto, cuja óptica regista proverbial e
devotamente O Jantar, e cujo coração alumia e colora a noite escura. As fotos
são quase sempre dele, mas o Caderno de Corda e O Jantar são dele como meus,
nossos.
Menos do que outra, por fim, sem o Grão-Mestre e Venerável
Cavaleiro Congénito Ricardo Girão, à cabeceira oposta deste que Vos escreve,
ambos comunicantes pelo simples olhar e por feixes etéreos de sinusoidais
psiónicas no fino ar. Girão, o último dos moicanos a resistir à noite, depois
de debandado o derradeiro grupo de obstinados Confrades Cordianos, entre os
quais se incluíam Piri, Pereira, Dantas e Corado. No final dos finais, após
várias voltas e pit stops em Benfica,
a dupla Hugo-Girão encontrou finalmente uma roulotte
em Sete Rios… Uma garrafa de água! O nosso reino por uma garrafa de água! E uma
Coca-Cola. E uma imperial.
Prosaica, a imparável tendência inflacionária do preço d’O
Jantar, a estória da negociação do banquete, que afinal se revelava mais
vantajoso do que o consumo à carta, como acabou por acontecer, levando a turma
dos digestivos a chegar-se à frente, e a civilizada discussão sobre as contas
com a gerência. Concluiu-se que, afinal, teria sido melhor ficarmos pelo preço
fixo do banquete. Os amores da minha vida irão ao Jantar quando a Rosarinho se
sentar à mesa e comer tudo sozinha, autonomamente, com ambos os talheres…
Registe-se finalmente que o Vosso fiel escriba chegou a casa perto das sete da
manhã, silencioso mas com mundos ululantes no pensamento.
Este blogue é e
continuará a ser o meu fiel depositório criativo.
Em 2024, no mesmo
sítio, previsivelmente em Março.
ASSIM
foi. Assim seja.
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