terça-feira, janeiro 30, 2007

"Metamorfose de Narciso", de Salvador Dali, 1937

Dali terá mostrado este quadro a Freud por ocasião do seu único encontro, em Londres, Julho de 1938. Diz-se que o espanhol pretendia provar ao austríaco que era um dos seus melhores discípulos.

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Muda

A voz muda... o corpo...
muda a voz... muda de vida.
Muda a casa - não mudes o amor.
A voz é muda... o corpo é duro;
mudaste a roupa e molhaste tudo.
Mudaste a casa e fizeste seguro.
Chegou a conta e tu, mudo,
viveste para pagá-la, e mudaste,
deixaste definitivamente de ser
o que sonhaste viver... para viver.
Mudaste de rumo - perdeste-te
e encontraste um homem assustado,
com medo do futuro.
E fizeste o que estava ao teu alcance
quando perdeste a auto-estrada num relance
- quase te estampavas no rail do lanço
da estrada para o arrepio do passado.
Fizeste tudo, foste pelo seguro
e ficaste mudo vendo o futuro num segundo.
Mudaste mudando e lamentas o que podia ter sido,
porque te fizeste teu escravo
na elegia viciosa contemplativa das quase-vitórias,
dos remates ao poste, das maiores glórias
que mudaram o destino do mundo
entre o meridiano imaginário perpendicular
ao teu real umbigo equatorial mudo e surdo.
Tu és o mundo e não mudaste o mundo
no tempo de vida que dizes ainda curto.
Já escavaram uma ruga nos teus olhos,
por onde vertem todas as lágrimas fatais e trágicas
da tua desgraça, do teu episódico fado.
Dás por ti a escrever para ti mesmo,
sabendo que uma manhã entrará pela tua casa
o sol revigorante e tranquilizador.
A vida copia a ficção.
Muda, muda, muda!

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segunda-feira, janeiro 29, 2007

Estimado leitor: estou em pleno processo de mudança de casa. Os posts podem escassear no decorrer desta semana...

"Mess Around", 2002, de Michal Shapiro

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

Mantém-se activa a votação na "Sondagem Cordiana II - São ou Nim? Carne ou peixe?", uns posts abaixo

Clique AQUI para acesso directo à Sondagem Cordiana II, desta feita relativa ao referendo que se avizinha

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terça-feira, janeiro 23, 2007

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Faça-se fé nisto, ouvisteis?

Aqui se faça fé, por escrito, na entrada de três blogues para a lista de links do Caderno de Corda. São eles o Play Dead, do gentil amigo Vítor, directamente da lezíria; o A Cores, da velha amiga Bárbara, agora aventurada no paraíso atlântico dos Açores, e os Cadernos - AMF, de AMF, um regressado companheiro de afinidade literária e blogosférica, por assim dizer. Longe e, no entanto, tão perto uns dos outros, ahn?

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domingo, janeiro 21, 2007

Resultados da Sondagem Cordiana I: Qual a banda mais representativa do movimento Grunge?

Num total de 39 votos, os 21 cliques para os Nirvana representam uma maioria absoluta (54%)que espelha a ideia de que o Grunge - sujo, irreverente, ruidoso, pungente, gutural, rasgado - foi, no seu auge e em essência, o que os Nirvana estelar e fugazmente foram.
Os 11 votos nos Pearl Jam (28%) demonstram talvez a indefectibilidade dos eternos fãs, que nem a feijões deixam de votar na banda-tribo, oráculo de som no projecto da vida - eu votei neles, confesso! Afinal, os Pearl Jam foram muito além do Grunge e do seu tempo. De todas as bandas a sufragar, é a única que ainda hoje se mantém activa sem interrupções de percurso.
Soundgarden (de Matt Cameron, hoje nos Pearl Jam, e Chris Cornell, actual vocalista dos Audioslave - ex-Rage Against the Machine) e Alice in Chains (que grandes bandas!) empataram a três votos (8%), e é curioso o voto isolado nos Stone Temple Pilots, do provocatório Scott Weiland, que, embora não sendo de Seattle mas da Califórnia, dizia serem os STP melhores do que qualquer banda da capital do Grunge.

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sábado, janeiro 20, 2007

Sondagem Cordiana II - São ou Nim? Carne ou peixe?

"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?"

Concorda?

Sim

Nao

Nim

Se pudesse, mudava a pergunta

Estou conceptualmente pelo sim mas sinto pelos do nao

Estou pelo sim mas nao concordo com o modo como as coisas estao a ser feitas

Nao. Se aprovada a despenalizacao, o aborto sera mais um metodo anticoncepcional

Nao. Vou pagar com os meus impostos as obrigacoes que decorrem da vitoria do "Sim"

Sim. Manter uma lei hipocrita e sintoma de uma sociedade intoxicada e desonesta

Sim.Esta e uma questao pragmatica e racional que dispensa moralismos

pollcode.com free polls

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sexta-feira, janeiro 19, 2007

Misterioso achaque do Caderno de Corda

Este blogue tem experimentado dificuldades de publicação e visualização (uploading e downloading?). Estou a avaliar o motivo, sendo certo que o problema não está ainda resolvido.
Vi-me forçado a reduzir o conteúdo da página inicial para cerca de dois meses de publicação - os mais recentes, claro está. Por isso, convido os estimados leitores a visitarem os arquivos, desconsiderando, para já, os marcadores, ainda não atribuídos à grande parte dos posts.
Prometo voltar ao tema pendente referido no último parágrafo DESTE texto.

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quinta-feira, janeiro 18, 2007

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Tecto

Ourives Talhador de Pedra
acenava com a cabeça.
A Lei, o Êxodo no braço,
sobre a testa e à esquerda.

Gritou:

"Não há ajuda para o filho...
o filho da viúva?"
E a cena, recorrente,
calçava sempre a mesma luva.

Aflição!
Levo a inscrição
ao fosso dos leões.
Amanhã
serei como a manhã;
(serei) como os leões.

Entraram os convidados
em silêncio e assombro,
atentos e adequados,
mas não leram o socorro.

Quero casa e quero filhos;
quero o pão de cada dia!
Será que é pedir muito?
- Uma coluna de harmonia?

Aflição!
Levo a inscrição
ao fosso dos leões.
Amanhã
serei como a manhã
entre camaleões.

Para o B.J. P.A.

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quarta-feira, janeiro 10, 2007

Música caseira, sem conservantes

Devo uma palavra aos estimados leitores... O abrandamento da publicação no Caderno de Corda deve-se a outra dedicação pós-laboral. Encontro-me a gravar no Micro BR uma música de e para um amigo - mais precisamente o "meu" baterista, ou o "nosso", de Baby Jane -, que poderei eventualmente publicar aqui, assim esteja terminada. Está solicitada a vossa compreensão.
A propósito dos famigerados Baby Jane, estou em condições de afirmar peremptoriamente que a banda está longe do fim e que promete um ano inesquecível. As agradáveis novidades, a desvelar em momento oportuno (ainda é muito cedo...), poderão surpreender todos, a começar pelos próprios intervenientes. Não se esqueçam de que o sonho comanda a vida... Há frases que continuarão a fazer sentido por mais mil anos.
Adiante, há algo sobremaneira importante - especialmente para os companheiros bloggers - que tenho a comunicar em breve, mas sem precipitações. Na génese desse futuro post está ainda o enforcamento de Saddam e uma história terrível e assustadoramente orwelliana. Estejam atentos, se possível, que o caso não é para menos. Eles andam mesmo aí...

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segunda-feira, janeiro 08, 2007

Como passatempo, a TV vampiriza o espírito, pois exige todas as atenções, monopoliza os sentidos.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Placa à entrada do Jardim do Som, no Point Defiance Park, Tacoma. Daqui.

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quarta-feira, janeiro 03, 2007

Jardim de Som

Caíram dias negros
sobre um jardim de som.
Como saberiam ser esse o destino?,
ao prenderem algo que queriam ver voar.

(Em honra e por inspiração dos Soundgarden)

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terça-feira, janeiro 02, 2007

O vídeo integral da execução de Saddam Hussein


Não é minha intenção, depois do que escrevi no post anterior, utilizar estas imagens de modo sensacionalista. Na verdade, a divulgação pública deste vídeo associada às minhas palavras exige que eu o publique, mesmo que o teor do mesmo contrarie a tendência do Caderno de Corda. Que também aqui fique registado o momento, trágico.
O vídeo da execução, levada a cabo em Bagdad, está disponível na Internet há dois dias - uma aparente fuga de informação... Segundo diz quem sabe, os carrascos entoaram, nos instantes que precederam a abertura do cadafalso, o nome do pior inimigo xiita de Saddam: "Moqtada, Moqtada!", gritavam, recordando o líder radical xiita Moqtada Sadr, cujo pai e tio foram assassinados pelo regime de Saddam Hussein.
Gravado, a priori, com um telemóvel por uma das testemunhas, o vídeo mostra, em 2,38 minutos, o enforcamento medieval do ditador na sala de uma caserna dos serviços secretos militares de Khadamiyah (bairro Norte e maioritariamente xiita), base iraquiana conhecida pelos norte-americanos como Camp Justice, Bagdad, pleno século XXI.
Talvez um destes dias alguém veja Saddam e Elvis partilharem um pequeno-almoço de bacon & eggs num diner de beira de estrada no Ohio. Talvez seja verdade...

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segunda-feira, janeiro 01, 2007

Saddam Hussein enforcado - Primeiro post de 2007 não augura bons ventos, mas...

Valha-me a água suja do imperialismo ou também eu poderia ter sido engolido por uma vaga de ilusória alegria auto-infligida, catalisada a álcool... Uma fugaz alegria à escala mundial que dissimula a preocupação e a tensão instaladas um pouco por toda a parte, sem distinção de raça, credo ou classe.
Passemos sem cortesias à execução medieva do ditador Saddam Hussein no passado sábado, às 3 horas da manhã, numa aparente cave húmida e sem janelas, por carrascos encapuçados.
Mais uma vez assistimos, com o alto patrocínio da Realpolitik norte-americana, a uma torpe e pública violação dos direitos fundamentais. Pior: o Sumo Idiota Bush, a dormir serenamente no seu rancho no Texas quando Saddam foi enforcado, já tinha deixado opinião clara, antecipando o acto como “um marco para a reconstrução democrática do Iraque”. A este nível, já nada nos surpreende, se vindo do homem que invade para impor uma tal democracia...
No entanto, os pregadores da tolerância, a quem tudo é permitido, não só subscreveram oficialmente o crime, como nada fizeram para que as degradantes imagens da execução - apenas interrompidas quando o carrasco acomoda a corda ao pescoço do déspota - não fossem transmitidas. Sempre se conheceu a relutância dos invasores quanto ao assassinato súbito de Saddam, cujas circunstâncias inesperadas poderiam tranformar num mártir, por entre a névoa dramática e simbólica da batalha. Mas, conhecendo a administração Bush pela observação dos seus actos e deliberações, talvez fosse óbvio o despojamento humilhante e prematuro do carniceiro, que assim serve de símbolo da vantagem americana, como se de uma pseudo-vitória se tratasse.
Mas Saddam teria, na verdade, um importante contributo a dar à preservação da memória. O seu papel não estava terminado. A aniquilação do tirano apagou definitivamente uma página da História, ainda que negra. Os segredos de Saddam, os seus receios e opiniões (que um homem, mesmo um assassino, também chora) foram definitivamente arredados do conhecimento público. A sua versão dos acontecimentos será para todo o sempre deturpada. Bem sei ser óbvio a quem tudo isto interessa, incluindo o silenciamento permanente de Saddam...
E não esqueçamos a época do ano escolhida precipitadamente para o atabalhoado enforcamento... às portas dos festejos do ano novo, quando todos estão demasiadamente embrenhados nas suas pequenas férias, nos afazeres e preparativos, na euforia colectiva de pensar em nada e tudo fazer sem nada pensar. A técnica é antiga. A execução de Saddam foi, no prazo de 24 horas, uma manobra lateral de diversão com prazo terminal de validade. Saddam foi duplamente silenciado.
À excepção da Inglaterra, cuja dignitária afirmou ter Saddam pago uma dívida para com o povo, toda a Europa condenou o acto, recordando o objectivo da abolição universal da pena de morte.
Este já não é um sintoma do grau de perigosidade em que se encontra o ideal democrático, nem creio que se possa insistir numa condição humana esperançosa para aquela terra, ou que seja razoável considerar o acontecimento como uma perda de oportunidade para a hipócrita causa democrática e livre do Iraque. O Iraque perdeu a sua oportunidade logo quando os EUA invadiram o Afeganistão. A oportunidade do Iraque é a mesma do arguido Saddam Hussein. E tem os dias contados.
* Democrática, democrática... é a Coca-Cola! *

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