domingo, setembro 25, 2011

20 anos “still alive” e a contar - 'Pearl Jam Twenty' review





Seattle, final dos anos 80. Sob um espectro VHS granulado e sonoro, ‘Twenty’ abre com a formação de outra banda, os Mother Love Bone, que estava em ascensão na cidade – uma banda promissora com um frontman carismático (Andy Wood) cujas personalidade e voz fariam um bar às moscas parecer um estádio cheio em dia de concerto. No caldeirão que, para críticos, já continha a receita do sucesso, estavam também a fermentar o guitarrista Stone Gossard e o baixista Jeff Ament – a parceria que já havia criado o protótipo grunge (expressão que Stone evita proferir) Green River e que, após a morte de Andy Wood por overdose de heroína, viria a juntar os Pearl Jam.
Recuamos pois ao fenómeno de Seattle, aos cabelos compridos desgrenhados e às camisas de flanela, mas, antes de mais, ao surgimento de um rock melódico e eclético com espaço para o improviso, saído das garagens de uma cidade cinzenta e chuvosa onde os jovens encontravam guarida e, simultaneamente, davam vazão à sua energia criativa.
Com uma câmara na mão, Stone e Jeff, muito jovens e sem imaginarem o que lhes reservava o futuro, filmam a entrada de um clube underground de Seattle; um diálogo pacífico mas premonitório com a polícia e o encontro com a já celebridade da cena local, o vocalista Chris Cornell. Do sarcasmo pós-adolescente de Stone à natureza das relações pessoais da banda, tudo começa a perpassar nos primeiros minutos do filme, dedicado em boa parte ao período anterior a 2000, especialmente interessante não apenas pelo brotar do apelidado movimento grunge, mas também pela fase preliminar da vida da banda, desde logo conturbada, mas com muitas imagens inéditas, precisas e raras por mostrar ao mundo, sucedendo-se cenas de arquivo notáveis umas atrás das outras.
A morte de Andy Wood, vista pelos músicos como o pior momento da banda, transforma-se em homenagem sentida – a primeira de ‘Twenty’. Chris Cornell, então vocalista dos Soundgarden, considera-a mesmo “a morte da inocência” da cena de Seattle, anterior ao suicídio de Kurt Cobain, também homenageado pelos Pearl Jam, um pouco adiante. Num cenário onde tantas bandas memoráveis caíram em desgraça prematuramente, o realizador Cameron Crowe começa por mostrar que os Pearl Jam nasceram de uma tragédia (a morte de Andy Wood) e permanecem juntos há 20 anos.
Ao nosso lado no cinema, a assistir à ante-estreia, estava o guitarrista Zé Pedro, dos Xutos & Pontapés, que em 2002 foi mesmo à sala de ensaios, em Seattle, entrevistar os Pearl Jam. “Fiquei com uma Polaroid tirada pelo Eddie Vedder de nós os dois”, acrescenta, no final, o guitarrista português consagrado nos Xutos, experimentando pontos de amplificação e sentimentos próximos aos reflectidos no filme: “O incrível na história dos Pearl Jam e em bandas que duram muito tempo é a maneira como se dá a volta a situações más e a forma como viram as carreiras quando as coisas chegam a becos sem saída; é a capacidade de uma banda não se desmembrar e seguir em frente; mudar e saltar para outro nível. Isso e a sinceridade como falaram; a forma como se ligam aos fãs e respeitam os outros músicos - Kurt Cobain, Andy Wood, Neil Young ou The Who – foi o que mais me tocou. Esse respeito faz parte dos alicerces de uma banda de rock.” Para Zé Pedro, os Pearl Jam estão “no topo do ranking”, na certeza de que “bandas que aguentam tantas coisas más e sobrevivem tornam-se muito grandes”.
E começa a viagem emocional, após a morte de Andy, semanas antes de os Mother Love Bone lançarem o seu primeiro disco, ‘Apple’; o vazio deixado; a reunião de Stone com o guitarrista Mike McCready e a voz memorável que veio numa cassette de San Diego, Califórnia, a mais de dois mil quilómetros. Eddie Vedder entra então em cena a desfiar as primeiras memórias e as gravações feitas depois de um dia de surf. “Isto é um tipo real?”, questiona-se Mike, espantado com as maquetas enviadas por Eddie. De facto, na conferência de imprensa de apresentação do documentário, em Toronto, Cameron Crowe perguntou a Vedder o que tinha ele pensado no avião, a caminho de Seattle. "Pensei: estou num avião. Quem são estes gajos que têm dinheiro para um bilhete de avião? E depois pensei: não fodas isto. Tinha estado em algumas bandas e a música nunca soou a uma coisa real; era sempre derivada de outra coisa qualquer. Nunca tinha ouvido nada como a demo que eles me enviaram", respondeu Vedder.
Seguem-se imagens dos primeiros ensaios na cave onde nasce ‘Ten’ e, ao sexto dia de ensaios consecutivos após a chegada de Eddie, do primeiro concerto de originais. Clarifica-se a história da paternidade omissa de Eddie, que inspirou a canção ‘Release’, até que surge o parceiro de casa de Andy Wood, Chris Cornell, a propósito do disco de homenagem da superbanda Temple of the Dog, que reúne o que viria a ser a formação actual dos Pearl Jam com Cornell, incluindo, claro, o baterista Matt Cameron, então nos Soundgarden. Da relação inspiradora de Vedder e Cornell, que ajudou o primeiro a ganhar confiança; afirmar-se e perder a timidez demasiado autoconsciente que o caracteriza, chegamos ao nome Pearl Jam, após a recusa do basquetebolista Mookie Blaylock em emprestar o nome à banda, e ficamos a saber que o álbum ‘Ten’ deve o título ao número da camisola de Mookie.
Os Pearl Jam ascendem rapidamente de clubes para plateias de 60 mil pessoas. Assistimos ao espanto de Vedder nos bastidores e ao deslumbramento do público com o concerto no programa MTV Unplugged – um momento-chave para a banda. A influência determinante dos The Who para Eddie e a sensibilidade punk do grupo; os vídeos, os conceitos; o porquê e o como de ‘Jeremy’ e eis que chegamos à escalada de adrenalina de Vedder, pendurado a dez metros de altura sobre a multidão, à procura de rasgar um pouco mais a cortina do perigo, saltando sobre a morte, destemido, para surfar o público, no entanto com um ar messiânico e sereno que o fazia parecer estar acima das preocupações quotidianas do comum mortal.
Passando pelo filme ‘Singles’ e pela sua festa desastrosa ou por imagens do processo de construção de ‘Daughter’, ainda com letra improvisada, entre Vedder e Gossard, sentados à volta de uma mesa no interior de um autocarro da banda, Crowe explora, como verdadeiro discípulo, cada recanto da viagem que levou os Pearl Jam à fama mundial, à capa da revista Time (contra o desejo da banda) e aos tops das tabelas da Billboard ao longo dos anos ‘90.
O fenómeno grunge parecia, a certo ponto, dividir um reinado entre Pearl Jam e Nirvana sob o pano de fundo de um punhado de bandas espantosas oriundas da mesma cidade. A sugestão de Kurt Cobain de que os Pearl Jam eram demasiado mainstream feriu o grupo, mas o documentário rapidamente mostra Cobain a retirar os comentários desagradáveis, seguindo-se um dos pedaços de fita mais valiosos e humanos do filme: Vedder e Cobain dançam juntos um slow, alegremente, nos bastidores dos MTV Video Music Awards de 1992, enquanto Eric Clapton toca em palco ‘Tears in Heaven’.
Em 1994, Kurt Cobain suicida-se e a sua morte foi um dos factores que mais contribuiu para que os Pearl Jam cortassem com os media. Stone Gossard admite: "Ele fez-nos pensar em tudo o que fazíamos.” Do descontrolo dos fãs aos problemas que advieram do crescimento desmedido e da transformação de um movimento que cortava com a moda e com a máquina para se tornar exactamente naquilo que abominava, surge a pergunta de Eddie, que passou a resguardar-se também nas letras, levantando mesmo um muro à volta da sua casa, e não apenas pela privacidade: “Estas pessoas amam-te tanto que te querem matar. Como é que me relaciono com qualquer uma delas, do ponto onde estou?”
Vedder, que se tornara o membro mais reconhecível pelas multidões, gostava de ter uma banda sem rosto, como os Pink Floyd: “A maneira como as pessoas nos vêem muda, e isso não está nas minhas mãos. O que talvez esteja sob o meu controlo é não dar entrevistas, não aparecer na TV e não fazer nada que glofique o meu rosto ou posição.” Já Stone afirma que os cinco quiseram ser uma banda como os Led Zeppelin, versátil e inesperada, que não estivesse presa a um estilo ou género. Eddie e Stone, os dois principais autores da banda, capitanearam-na em momentos distintos. Segundo Mike, houve duas fases de poder e de criação: a primeira liderada por Stone e, agora, a segunda por Eddie.
Após o “namoro” com o guru Neil Young, tempo para o capítulo da batalha legal contra o monopólio da Ticketmaster, cujo desfecho levou uma geração de bandas a reconsiderar as formas de fazer negócio, concluído com o recado ‘This is Not For You’. A narrativa sustenta a ideia de uma banda no contínuo alcance de uma ética conscienciosa, procurando manter a honestidade e a integridade numa indústria que não facilita.
O filme prossegue com uma aproximação mais pessoal aos músicos, começando pelo desprendimento material de Stone quanto a artigos e objectos de memorabilia da banda, por oposição a Jeff, que guarda tudo o que respeita ao percurso dos Pearl Jam. Stone, que conhecia Mike desde o 7.º ano da escola, apareceu de novo para resgatar aquele guitarrista espiritual que canaliza pela guitarra ondas espasmódicas que elevam os espíritos da banda.
É depois contada em fast forward bem-humorado a saga dos cinco bateristas e o regresso à forma pré-inicial e ao predestinado para o cargo: Matt Cameron, que estivera no primeiro disco que os Pearl Jam gravaram, ‘Temple of the Dog’, com Chris Cornell, antes do sucesso e do álbum ‘Ten’.
Hoje pais de família e com uma dose de impulsividade mais controlada e responsável, os Pearl Jam vêem o álbum Binaural como o ponto mais baixo da banda, com a perda momentânea de algum mediatismo e sucesso comercial. Sucede-se a tragédia em Roskilde, Dinamarca, onde, num concerto da banda ao ar livre, morreram nove pessoas na frente do palco - uma experiência chocante que os levou a ponderar o término da carreira. “Há um antes e um depois de Roskilde. O que vamos fazer para ajudar as famílias? O que fazemos para sobreviver?”, pergunta Eddie. Os temas do uso da liberdade de expressão e da consciência social ganham momentum num concerto, aquando das críticas a Bush, em ‘Bushleaguer’, devolvidas com apupos de parte do público norte-americano, numa noite em que a banda receou não sair do local pacificamente.
Perante a espontaneidade e os alinhamentos imprevisíveis de Eddie, por oposição ao desejo de Stone de arrasar as plateias a tocar êxitos do princípio ao fim, ouvimos ‘Walk With Me’ antes da ficha técnica ao som de ‘Just Breathe’. Desta feita, Mike não beijou de boa noite a plateia com ‘Yellow Ledbetter’ e, quanto a nós, faltou talvez conhecer um pouco do percurso musical de Vedder antes da ida para Seattle.
Para os fãs indefectíveis da banda – que os há, e muitos! -, esta crónica fílmica inevitavelmente parcial em torno do surgimento da banda na chuvosa Seattle proporciona um longo, crescente e contínuo clímax de apreço. Para o observador distanciado que apenas vê nos Pearl Jam uma grande banda que encontrou o seu espaço e ali ficou, sem evolução sónica que se destaque pelo caminho, então o documentário de Cameron poderá parecer um pouco auto-indulgente, repetitivo ou chato. Mas com a sua intimidade e som pungente, a Verdade de ‘Pearl Jam Twenty’ traduz-se em quase duas horas de prazer e pele de galinha passadas a redescobrir a banda. Pode não converter não-fãs, mas também não está a tentar fazê-lo.

Por Hugo Simões


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domingo, fevereiro 15, 2009

segunda-feira, janeiro 19, 2009

A Alfabetização da Memória - 10 anos com Tiago Pereira

De 22 a 25 de Janeiro na Fábrica do Braço de Prata – Sala Visconti

O meu querido amigo Tiago Pereira, realizador do videoclip de "História de Um Vinho Azedo", dos Baby Jane, faz vídeo há 10 anos. O Tiago trabalha essencialmente na alfabetização da memória, com necessidade vital de documentar, preocupado com a tradição oral e com a ponte geracional, passando boa parte do seu tempo a fazer recolhas vídeo por esse Portugal fora, para depois reconstruí-las. Alguns dos seus vídeos já receberam prémios nacionais e internacionais. A programação que abaixo proponho celebra os 10 anos de trabalho do Tiago, mostrando alguns dos seus filmes mas também a sua actividade como VJ e vídeo-músico, bem como o trabalho de outros que com ele laboraram e que de alguma forma constituem o seu universo.

PROGRAMAÇÃO

22 de Janeiro, quinta-feira, 18 horas
Vídeos

- "Quem canta seus males espanta" (9´, 1998)
Vencedor do Prémio: Melhor realizador português- Encontros de Cinema Documental da Malaposta
- "O que é a Imagem?" (10`, 2001)
Projecto pro-memória, co-realizado com Raquel Castro:
- "A arte da Memória" (14`, 2004)
- "Os povoadores do tempo" (15`, 2004)
- "Disparem à vontade" (15`, 2005)

21.30

- Conversa com Raquel Castro
- "Paisagens Sonoras"
- "Soundwalkers", de Raquel Castro

23 de Janeiro, sexta-feira, 18 horas
Vídeos

- "11 burros caem no estômago vazio" (26`, 2006), vencedor dos prémios: melhor curta-metragem Portuguesa no Doc Lisboa 2006 e melhor filme etnográfico no Dialektus Festival de Budapeste 2007
- "Meta-" (25`, 2005)
- "Folk-Lore 01 Danças e Igreja" (11`, 2008)
- "Folk-Lore 02 Regadinho" (5`, 2008)

22 horas

- Bfachada Tradição oral contemporânea (60`, 2008)
- Concerto com Bfachada (www.myspace.com/bfachada)

24 de Janeiro, sábado, 18 horas
Vídeos

- "Manda Adiante" (25`, 2007)
- "Sonotigadores de tradições" (25´, 2003), vencedor do Grande Prémio Ovar Vídeo 2003
- "Ao alcance de todos" (25`, 2008)
- "Aniki na Casa" (52`, 2008)

22 horas

- Conversa com membros da Associação Pé de Xumbo e Alexandre Matias da Associação Tradballs
- "Arritmia" (44`, 2007)
- Baile Concerto – OMIRI (www.myspace.com/omirisound)

25 de Janeiro, domingo, 15 horas

- Mesa redonda – "As recolhas videográficas e a arte contemporânea", com Tiago Pereira, José Barbieri e Domingos Morais
- Apresentação do projecto MEMORIAMEDIA, por José Barbieri (http://www.memoriamedia.net/)
- José Craveiro - Contador de Histórias

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sábado, outubro 04, 2008

Ecos da glória em Bollywood

O Caderno de Corda descobriu AQUI, após aturada investigação, que o próximo blockbuster do cinema de Bollywood, a ser rodado neste momento, fará referência à vitória de anteontem do Benfica. Ao que se sabe, o afamado realizador indiano Rajnish Omparkash é um fervoroso benfiquista. Diz-se, inclusivamente, que estava com um olho na transmissão do jogo e outro na objectiva, durante as filmagens, tendo feito questão de inserir esta curta cena numa parte do filme cujo guião havia sido fumado por um assistente de câmara. Rajnish, que tem contactos privilegiados com a direcção do clube da Luz, gastou milhões de rupias na instalação do canal Benfica TV em todos os seus aposentos, gabando-se de ser o "primeiro indiano com o Benfica no coração e em casa".

n.b. - Este post foi republicado sem a inserção do vídeo devido a incompatibilidades com o Firefox.

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sexta-feira, maio 30, 2008

"The first key to write is writing; not to think"

in Finding Forrester, há pouco, na RTP1

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domingo, maio 25, 2008

La Valse d'Amélie, de Yann Tiersen (orquestra)

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terça-feira, maio 20, 2008

La Valse d'Amélie, de Yann Tiersen (piano)

Porque sim.

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sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Sentado em Marte

Se me sentar em Marte,
vejo aqui um ponto azul no espaço
e não alcanço a angústia
que fervilha lá em baixo.
A ironia de um robot chamado Spirit;
de uma montanha Brokeback,
de um niilismo de revista
antes da morte do artista...

A Heath Ledger (1979-2008)

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quinta-feira, outubro 04, 2007

Modular Vídeo e proto-etnografia chegam ao Caderno de Corda

Tiago Pereira, talentoso realizador e videasta português, é o meu mais recente companheiro de trabalho. À mesa do café, quando discutíamos as possibilidades de abordagem a um pequeno filme que estamos a produzir, descobri algumas curiosidades sobre o Tiago, filho do virtuoso Júlio Pereira – o “homem dos sete instrumentos”. Mas a curiosidade que mais nos interessa em contexto blogosférico é a de que o realizador do documentário meta-etnográfico duplamente premiado “Onze Burros Caem no Estômago Vazio” tem também um blogue: o Modular Vídeo.
Serve, pois, este post para anunciar a inclusão do Modular Vídeo no hipertexto vazante do Caderno de Corda. E o tema do nosso filme... recorrentemente transmontano, mas definitivamente bísaro...

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quinta-feira, setembro 13, 2007


Recomendo novamente aos estimados leitores a visualização do filme "Loose Change" (AQUI), sobre o qual escrevi já diversas vezes em momentos oportunos, facto que fez correr muita tinta, inclusivamente em virtude do plágio de que este blogue foi alvo pela parte da RTP.

AQUI poderão ler um texto jornalístico que escrevi a propósito da reacção observada em Portugal face à transmissão do filme em ambos os canais da RTP, em Setembro do ano passado.
Vejam o filme. Façam perguntas. Exijam respostas.

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quarta-feira, abril 11, 2007

"As raízes são uma árvore que não dá sombra"

Frase retirada de contexto de um dos oito filmes que compõem o documentário de Martin Scorcese "The Blues". Passou na 2: durante a noite de segunda para terça-feira.

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quinta-feira, março 15, 2007

Democrisia Bang-Bang I

Perante o surgimento do filme "O Bom Pastor", escrevi ESTE post no dia 26 de Fevereiro passado. A sinopse do dito reza assim: "Edward Wilson (Matt Damon) é o único que observou o suicídio do próprio pai. Enquanto estuda na Universidade de Yale, torna-se membro da sociedade 'Skull and Bones'. Por conta dos seus valores pessoais, acaba por ser recrutado para trabalhar na recém-inaugurada Agência de Inteligência Central, mantida pelo governo norte-americano."
Continuo sem ter visto o filme (porque são quase certamente três horas de decepção e arrependimento pelo dinheiro mal gasto), mas mantenho com justificada firmeza a ideia de que se trata, uma vez mais, de um filme manipulador de informação e de massas. O elenco impressiona duplamente, por razões contrárias: uma saca de actores de peso (Matt Damon, Angelina Jolie, Robert De Niro, Alec Baldwin, Billy Crudup, Michael Gambon, William Hurt, John Turturro, Tammy Blanchard, Keir Dullea, Martina Merlino, Timothy Hutton, Gabriel Macht e Joe Pesci) aceitou fazer esta estopada.
No mesmo post, refiro inevitavelmente uma entrada anterior na qual publico ESTE documentário independente de tílulo “American Dictators” (“Ditadores Americanos”), que versa sobre a Grande Conspiração, recordando a contradição que subjaz no reino dinástico dos EUA. A ampla temática cujo território mais nos poderá interessar delimitar na sequência de posts que se segue é aquela que emana abundantemente do paradoxal e hipócrita fito norte-americano de Liberdade e Democracia.

CONTINUA BREVEMENTE

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segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Zayt al-Zaj

Prometo, em breve, uma nova série atenta ao surrealismo democrítico dos Estados Unidos da América, não sem estupefacção e uma pitada de acidez sulfúrica... tal a também 'vitríola' elite norte-americana. Existem pois substantivos que, se fossem adjectivos, se aplicariam capazmente...
Servindo este post como mera nota informativa de esclarecimento, devo dizer que a ideia, há algum tempo pairando sobre a minha cabeça, se definiu perante o surgimento do filme "O Bom Pastor", que ainda não vi, confesso, mas que aparenta ser mais uma operação subliminar de propaganda à escala mundial, acrescendo-lhe a perversidade manipulatória hollywoodesca que, como se sabe, institui-se como a maior e mais influente exportação norte-americana. Não se gerem confusões: a sociedade secreta Skull and Bones é a mais poderosa e impune máfia planetária, instituída na CIA, no governo norte-americano (veja-se a dinastia Bush), no FBI, you name it... mas guardemos pormenores para depois... Correndo o risco de fazer uma análise precipitada do filme (cujo resumo do guião li diagonalmente), duvidem, para já, dele, sendo o herói (Matt Damon) um irrepreensível membro da "cohort". Entretanto, se o tema lhe suscita curiosidade, pode o estimado leitor ver AQUI (post intitulado "A democradura americana: Skull and Bones e a Nova Ordem Mundial") um documentário talvez extremadamente conspirativo que se debruça sobre a dita sociedade de Yale. O Caderno de Corda está apenas aparentemente sereno, mas certamente atento.

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quinta-feira, maio 18, 2006

Cry Freedom


Duas imagens do filme "Cry Freedom" (1987), de Richard Attenborough. Um dos meus filmes de eleição. Sempre

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sexta-feira, abril 21, 2006

Caderno de Corda chega a Bollywood (Cliquem para ver o filme)

sábado, abril 08, 2006

Loose Change - Mais próximo da Verdade (cliquem na imagem)

Loose Change - Um fino véu sobre a Verdade

"Loose Change" é um filme assustador. A possibilidade de os ataques de 11 de Setembro de 2001 poderem não ter sido orquestrados por Bin Laden ou membros da Al Qaeda, mas pelo governo norte-americano, é uma perspectiva verdadeiramente apocalíptica, aterrorizante e, para aqueles que acreditam numa tal democracia, devastadora.

Nos Estados Unidos já muitos sugeriram que talvez o debate sobre o 9/11 não passe de um infindável chorrilho de suposições sem prova. Mas a questão aparenta também ser a existência de provas tangíveis ocultadas numa sala escura donde nunca verterá uma verdade para a esfera pública.

No filme que hoje vos apresento, com o qual tomei contacto por intermédio do blogue A Sombra, de Rui Semblano, uma mão-cheia de factos com valor de prova, muitas vezes protagonizados por fontes informativas desde CNN, BBC e Fox News, aos directamente afectados pelo colapso das Twin Towers, é suficientemente sólida, se não irrefutável, para que o estimado leitor lhe dedique a atenção que merece ou, melhor, exige…

Qualquer justificação que nos seja apresentada - mais ou menos plausível - para que os ataques tenham tido lugar, nunca nos é afirmada como sendo a Verdade. No filme, apenas se arquitecta uma tentativa de mostrar uma provável verdade, tenebrosa e potencialmente destruidora se descoberta a sua total concretização.

Outros filmes do género documental que abordam o 9/11 estão disponíveis na net. Um deles, sobre o qual já havia escrito no dia 21 de Março e disponibilizado o link, é “Painful Deceptions”, editado e narrado por uma equipa que pretende suscitar a reabertura das investigações, aprofundar e esclarecer o que o (C)ommission Report ignora e… omite. Existe ainda outro filme sobre a matéria intitulado “9/11: In Plane Site”.

Algo é notório ainda, e compreensível, no que respeita à posição do povo norte-americano, sabendo-se que, hoje, uma esmagadora percentagem da população nutre desconfianças profundas quanto ao sucedido: Muita gente não quer ainda admitir que poderá haver um problema demasiadamente grave e tétrico com o seu governo. A imagem confrangedora de uma nova Guerra Civil pode emergir. É, pois, necessário responder com celeridade às questões que ensombram a confiança da população no Estado americano e, consequentemente, na política mundial, sendo o país da Coca-Cola o arauto da hipocrisia democrática amarelada.

Os realizadores deste filme, Dylan Avery e Korey Rowe, conseguiram ir um pouco além do que Michael Moore já havia feito em "Fahrenheit 9/11", talvez por o rescaldo deste último ter sido executado muito a quente. Seja como for, todos devemos demonstrar a nossa inquietação e colocar as nossas dúvidas; fazer perguntas. O que aprenderão os nossos filhos na escola, um dia, quando se abordar o tema?
n.b. - É obrigatória a visualização deste filme. Esqueçam a tv, sentem-se e relaxem... se conseguirem.

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domingo, abril 02, 2006

2+2=5 [The Lukewarm] - Radiohead

Are you such a dreamer?
To put the world to rights?
I'll stay home forever
Where two & two always makes up five 

I'll lay down the tracks 
Sandbag & hide 
January has April's showers 
And two & two always makes up five 

It's the devil's way now 
There is no way out 
You can scream & you can shout 
It is too late now 

Because you have not been paying attention 

I try to sing along 
I get it all wrong 
'Cause I’m not (2x) 
I swat 'em like flies 
but like flies the buggers 
keep coming back 
and NOT 
But I’m not 
"All hail to the thief" (2x) 
"But I am not!" (4x) 
"Don't question my authority or put me in the docks" 
Cozimnot! 
Go & tell the king 
That the sky is falling in 
When it's not 
But it´s not (2x) 
Maybe not (2x) 

Tempo: 3:19 
Editora: Parlophone 


"2+2=5" é o título do tema de abertura do álbum “Hail to the Thief”, sexto dos Radiohead, lançado em 2003. Não se esqueçam desta informação. Será retomada adiante. Já é dia 2 de Abril. Podemos procurar dizer pequenas verdades… Este é, em essência, problema da Verdade e da mentira. 

2+2=5 em 1984

A frase «dois mais dois perfazem cinco» é por vezes proferida como sucinta e vívida representação de uma afirmação ideológica, especialmente se criada com o propósito de manter e servir uma “agenda” doutrinada. O uso comum da expressão terá, porventura, sido popularizado por George Orwell na obra 1984 (Parte III, Capítulo II), quando contrastada com a proposição verdadeira e matemática da frase «dois mais dois igual a quatro». O protagonista de Orwell, Winston Smith, questionando-se sobre a possibilidade de o Estado declarar que dois mais dois perfazem cinco, e de que, se todos puderem crer em algo semelhante, o facto torna-se real, repensa a frase vezes sem conta. No início do livro, Winston escreve no diário comprado clandestinamente ao velho Charrington, a um canto da casa, fora do alcance visual perscrutante da teletela: «Liberdade é a liberdade de dizer que dois mais dois perfazem quatro. Se tal estiver garantido, tudo o resto se segue.» Mais tarde, Winston serve-se novamente do mecanismo de duplipensar tentando convencer-se de que a afirmação é verdadeira. Orwell já escrevia sobre o conceito “2+2=5” antes da publicação de 1984, cujo parto, como se sabe, se deu durante o ano de 1948, donde se extraiu o título, por inversão dos dois últimos números. Durante o período em que trabalhou na BBC, familiarizou-se com os métodos da propaganda nazi. Num ensaio sobre a Guerra Civil Espanhola, publicado quatro anos antes dos trabalhos de “1984”, Orwell escreveu: «A teoria nazi nega especificamente que tal coisa como “a Verdade” exista. […] O objectivo implícito desta linha de pensamento é um mundo de pesadelo no qual o líder controla não apenas o futuro, mas o passado. Se o líder disser que este ou aquele acontecimento nunca aconteceu, então não aconteceu. Se ele disser que dois e dois são cinco – bem, dois e dois são cinco. Esta perspectiva assusta-me muito mais do que bombas […]»

Segundo a quase totalidade dos biógrafos de Orwell, a provável origem da ideia reside no livro “Assignment in Utopia”, escrito pelo jornalista e historiador Eugene Lyons, reportando-se a quando esteve na União Soviética. Num dos capítulos, titulado “2+2=5”, a expressão é explicada, ganhando paralelos históricos, factuais, tão reais quantas as possibilidades que 1984 viria a levantar - “2+2=5” fora um slogan usado pelo governo de Estaline, prevendo que o plano de cinco anos para o desenvolvimento da economia russa estaria completado em quatro anos. No entanto, Orwell pode também ter sido influenciado pelo Reichsmarschall nazi Hermann Göring, que, certa vez, numa hiperbólica demonstração de lealdade a Hitler, declarou:

«Se o Führer quiser, dois e dois são cinco!»

2+2=5 segundo Dostoievsky, Victor Hugo e a cultura pop

Nas “Notas do Subterrâneo” de Fyodor Dostoievsky, o protagonista apoia implicitamente a ideia de que dois e dois são cinco em sucessivos parágrafos onde se consideram as implicações de rejeitar a afirmação «dois mais dois são quatro». Dostoievsky escrevia em 1864. No entanto, de acordo com Roderick T. Long, Victor Hugo fez também sua a frase, em 1852, objectando a forma como uma vasta maioria de votantes franceses apoiou Napoleão III, dando cobro ao modo como os valores e as causas liberais haviam sido até então ignorados pelo líder. Victor Hugo disse: «Agora, ponham sete milhões e 500 mil votantes a dizer que dois e dois perfazem cinco; que a linha recta é a estrada mais longa; que o todo é inferior à soma das partes. Façam-no ser declarado por oito milhões, dez milhões, cem milhões de votos, que não terão avançado um único passo.» O conceito foi ainda explorado num episódio de Star Trek: The Next Generation, "Chain of Command," no qual Picard é torturado por um Cardassiano. A reminiscência de 1984 é clara à luz de uma cena onde O'Brien, o torturador de Winston Smith, levanta quatro dedos e lhe inflige descargas eléctricas dizendo que são cinco os dedos que levanta.

- Quatro! Cinco! Seis! Eu não sei!

Radiohead e Orwell

"The Lukewarm" é o título alternativo da música “2+2=5”, dos Radiohead, cuja letra se encontra à cabeça do post. Todas as músicas do álbum “Hail to the Thief” têm dois títulos – um deles apelidado “alternativo”. Toda a canção (último single do álbum) contém múltiplas referências ao livro Nineteen Eighty-Four (1984), de George Orwell. No título (2+2=5), a referência à problemática psicológica que o protagonista, Winston, enfrenta; no subtítulo, a alusão à condição manietada, quebrantada, em que Winston é simplesmente deixado ir, no final do livro, e a frase “Question my authority or put me in the docks”, que se refere ao tribunal conhecido como “the docks” no enredo… O termo “hail to the thief” surge como trocadilho para a expressão comum “hail to the chief”. O título do álbum também provém desta canção. É uma possível referência a George Bush, por este ter “roubado” as eleições norte-americanas em 2000. A evidência já foi negada pela banda. Camadas sonoras boreais, tempestuosas ou literárias sobrepostas, as atmosferas musicais complexas criadas pelos Radiohead fazem, quando depuradas aturadas e sucessivas audições, parecer que a aparente desarrumação, ruído, nota, pausa, têm um motivo racional, ainda que sempre emotivo. Um dos mais incríveis (porque talvez seja este o melhor adjectivo) álbuns da banda de Thom Yorke foi, sem dúvida, "OK Computer". Pode dizer-se com alguma segurança que “OK Computer” e “1984” estarão também correlacionados, além das afecções da alma; da angústia, depressão, inquietude perante o mundo. Yorke alude propositadamente a "1984" já em “OK Computer”. Em "Hail to the Thief" volta a citar, como já vimos, o duplipensar na faixa de abertura: "2+2=5". Para fãs dos Radiohead, um pequeno brinde: seguem-se algumas curiosidades acerca do tema “2+2=5”. Ouçam-no e confiram:

  • O primeiro som do álbum é o ruído resultante do guitarrista Jonny Greenwood a colocar o jack na guitarra. Foi o primeiro som a ser registado quando os Radiohead foram para estúdio gravar “Hail to the Thief”. Se escutarem com muita atenção, Thom Yorke diz, ao fundo, «That's a nice way to start, Jonny...»
  • A primeira parte da canção bate a 7/4, e muda para 4/4 a cerca de um minuto e 23 segundos corridos, logo após as palavras "Two and two always makes five..."
  • Exactamente ao bater dos 2 minutos e 25 segundos (2:25), o ritmo, a dinâmica e o registo da música transformam-se radicalmente, e assim permanecerão até ao final da faixa.

Se bem que, quando contemplados arredondamentos de números decimais, 2+2 pode, de facto, resultar em 5 (2.4+2.4=4.8, ou seja, 5), os números 4 e 5 encontram-se também no limite relativo ao número de objectos que a maioria das pessoas consegue identificar com um simples olhar fugaz. É improvável que alguém veja quatro objectos em três reais - mas confundir quatro por cinco, ou vice-versa, é possível.

Ironicamente, cerca de um mês antes do lançamento de “Hail to the Thief”, foi roubada uma cópia do álbum do estúdio de gravação, que pouco mais tarde redundou na Internet.


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“Quanto maior for a mentira, mais pessoas acreditarão nela”

Adolf Hitler

n.b. - Este post não teria sido possível sem o auxílio da Wikipedia. Retomarei a questão essencial da Verdade em breve.

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sábado, novembro 19, 2005

Não era esta a foto/imagem que eu tinha em mente publicar... Estava a pensar em algo do género do nosso (de Baby Jane) logo, mas não o tenho no PC... Também não tenho fotos de concertos... Pintão, não me dás uma ajuda? Mandas-me isso para o gmail pra eu publicar em vez desta?

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terça-feira, novembro 15, 2005

Citizen Kane, um filme de Orson Welles, 1941. Retrato brutal do magnata dos jornais William Randolph Hearst

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