sexta-feira, setembro 30, 2005

Foto de Eikoh Hosoe

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quinta-feira, setembro 29, 2005

Quadras de Agostinho da Silva 10

Primeiro há um pensamento
que pensa sem pensador
e logo pensa quem pensa
que pensa tudo ao redor.

Agostinho da Silva

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Koeman!, audácia, meu querido! Isto é o Benfica, o maior; não o Ajax. E sim, essa é a tua cor e a tua casa de banho. Vá lá, não te enganes...

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quarta-feira, setembro 28, 2005

Apontamento perturbado sobre o Man. Utd. - Benfica

Koeman é novamente o culpado. Parece não estar talhado para a leitura dos grandes embates. O Benfica desperdiçou uma oportunidade única de ganhar ao Manchester em Old Trafford. Koeman jogou com Beto, Petit e Manuel Fernandes de início. O puto Nelson ficou com o flanco direito por sua conta. Fomos, durante mais de 70 minutos, avião a uma asa. Simão mostrou mais uma vez a sua dimensão de galáctico, jogador de classe mundial. Mas, dizia eu, Koeman, após o empate, esperou por Ferguson para mexer na equipa, numa altura em que podia - e devia - ter tido a audácia (é o mínimo que se exige a este nível) de ferir o Manchester e segurar as rédeas do jogo. Beto fez um jogo lastimoso, sem capacidade de resposta física nem técnica. Pareceu-me que só acertou um passe depois da meia-hora de jogo! Koeman devia tê-lo substituído, na pior das hipóteses, aos 60 minutos. Em vez disso, esperou pelas mexidas de Ferguson e, depois dos 70 minutos, fez entrar João Pereira por Miccoli, mantendo o pior elemento em campo, Beto, que ficou no apoio a Nuno Gomes (?!). O resto, são factos que serão relatados, esmiuçados, ponderados na imprensa de hoje. Só não vê quem não quiser. Nem escrevo mais nada. É que não me apetece mesmo!

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terça-feira, setembro 27, 2005

Jon Stewart, Bush filho e o governador Arnie no recomendado Comedy Central

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segunda-feira, setembro 26, 2005

Estórias 5

Eram duas crianças, gémeos dizigóticos. Tinham parecenças mas ninguém os diria gémeos; talvez irmãos. Eram falsos, uma vez que provinham de células diferentes, fecundadas por espermatozóides diferentes. As suas vidas haviam sido felizes até serem arrastadas da placidez dos verdes anos, para longe da família. A mãe e o pai, levados para interrogatório pela polícia política, deixaram de poder ampará-las; de poder explicar-lhes as razões porque a realidade que concebiam se havia desmoronado; de poder aconchegá-los à noitinha. Até Odete, a governanta que fazia as vezes de tia, tinha sido separada das duas crianças. Labutava agora num campo de trabalhos forçados, por estar conotada com a família e os seus alegados segredos. O menino e a menina tinham a sorte de se terem um ao outro, e assim se valiam mutuamente. Estava escuro, como habitualmente, no sótão onde dantes brincavam - vontade que lhes haviam extirpado os “cabeças de giz”, como lhes chamavam. Mantinham-se em silêncio, acocorados, frente a frente, de olhos fechados, como que meditando - na verdade, padecendo da astenia da fome.

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domingo, setembro 25, 2005

O pai Sheen qual crocodilo

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sexta-feira, setembro 23, 2005

Hats off to RTP1!

Ontem, mais um grande filme pela noite dentro. Desta vez, a RTP1 transmitiu Apocalypse Now (Redux). Redux significa muito simplesmente que o filme foi reeditado com mais 49 minutos de fita não incluídos na versão que, em 1979, foi projectada nos cinemas. Recentemente, fui vê-lo, quando esteve no King. Imperdível como imperdível é a RTP, a mostrar o caminho. Cinema de grande qualidade também é serviço público.
n.b. - Só para recordar aqueles que não leram a legenda do menino Elliot Erwitt, um post abaixo. Publiquei-a logo após o mesmo canal ter transmitido o filme "Cidade de Deus".

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"Feto", Leonardo da Vinci

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Poemas da adolescência 25

Estou enfermo e só.
Dias de ingratidão.
O prazer da manhã desfeito.
O telefone cortado.
O sono embalado...
preso por um fio de saliva
que me cai no peito.
Cordão umbilical.
Barriga de mãe,
em paz disposto.
Encaixe fetal.
Não corro
nem movo,
preciso de alguém.
Queimo o tempo.
Durmo.
Queimo dinheiro.
Fumo.
Vampiros em busca de luz.
Movimento, cubo só meu.
Gritos mudos na cruz.
Silêncio do corpo pungente.
Para o Mundo ateu;
para eu toda a gente.
Inchado de nada, cansaço.
Baldado no tempo e no espaço.
Barriga de mãe,
barriga vazia!
Cigarro desapontado.
Algo que se não tem,
se perdeu
na cobardia
de estar desmamado.
O meu cordão umbilical?

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quinta-feira, setembro 22, 2005

Elliot Erwitt, EUA, Pennsylvania, 1950. A foto é da Magnum. Não resisti publicá-la agora. Acabei de ver na RTP1 o filmaço "Cidade de Deus"...

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Poemas da adolescência 24

Índios dançam
no cimo de ravinas.
Cabelos ao vento,
penas, aves de rapina.
Olhos esbugalhados
atravessam feixes
de carne e ossos
no ecrã próximo e fácil.
Perpassa-se o corpo
e chuva cai.
Deus, fizeste tudo
o que desfizeste
ao de cima vir.
Na barraca,
os olhos comem
no fundo do tacho.
Na política,
intenções de fogacho,
absoluta verdade do "nim".
Diz a estética
fazer de tudo parecer,
mas nada parece algo assim.
O filho ouviu a mãe.
Desamparado,
se deu a nascer,
viveu a morrer, e,
filho da mãe,
deixou-se ir
como células que dentro
correm a morte sem saber.
E não as mandes parar,
nem tens divino poder,
mas se divino é amar,
poderá saber também ser?

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quarta-feira, setembro 21, 2005

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terça-feira, setembro 20, 2005

Quadras de Agostinho da Silva 9

Para tantos existir
é uma queixa pegada.
Terem de ganhar a vida
quando afinal lhes foi dada.

Agostinho da Silva

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segunda-feira, setembro 19, 2005

De regresso de Gandía. Praia até perder de vista

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quinta-feira, setembro 15, 2005

Pausa para casamento em Gandía, Valência

O meu amigo Caesare vai casar-se este sábado em Espanha, Gandía, próximo de Valência. Uma comitiva portuguesa juntar-se-á aos restantes convidados. O convite era irrecusável. Por este motivo deixo aqui a nota ao estimado leitor, que eventualmente se habituou à regularidade do Caderno de Corda. Chez, estamos contigo! A ausência será breve.

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Este blogger vai finalmente fazer uma pausa

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quarta-feira, setembro 14, 2005

Estórias 4

O homem que queria lançar-se ao mar surgiu junto às portas do cais. O esforço havia sido inglório, tanta preocupação o inquietara. Segismunda aguardava, incontida, o momento de o interrogar sobre os acontecimentos do dia. Antes que ela libertasse a sua curiosidade, ele disse:
- Do mal, o menos. Trago comida que baste para os dois.
- E os marinheiros? A tripulação de que falaste?
- Ninguém quis vir comigo. Alguns troçaram de mim. Disseram-me que já nem o peixe lhes dá esperança para largarem a comodidade remediada dos seus lares. Que os tempos do mar misterioso, revolto, e de ilhas desconhecidas já lá vão. Houve mesmo um mais espertalhaço que me perguntou onde ia eu sem Sancho Pança.
- E tu, que lhes disseste?
- Que o mar será sempre misterioso e retribuí com uma pergunta.
- E nem uma palavra sobre a ilha desconhecida?
- Como poderia eu falar-lhes de tal ilha, se nem eu próprio a conheço?
Inspirado n'“O conto da ilha desconhecida” de José Saramago (Cadernos do Pavilhão de Portugal, Ed. Assírio & Alvim)

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terça-feira, setembro 13, 2005

"A dependência é uma besta que dá cabo do desejo" (J. Palma)

Cris, há muita estrada para andar... A Verdade vem sempre ao de cima.

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Anatol, judeu polaco de 14 anos, prisioneiro de Auschwitz

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Poemas da adolescência 23

Tudo tão acessível aos olhos do pedinte.
Stocks limitados.
Curiosos de fé, agarrados às grades,
do lado de fora.
Verem quem os vê
tremer de frio junto à geada.
Das grades à geada, sem tecto,
sem morada, sem nexo,
do lado de fora,
sem pedra nem nada.
Das grades à fé,
mar adentro sem pé.
Mas minto quanto às grades e à geada,
pois estas estão dentro em nada.
Das grades à fé, está tudo nas pedras, não é?

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segunda-feira, setembro 12, 2005

Quadras de Agostinho da Silva 8

Tudo o que existe na vida
em vida à morte sustenta,
mas vidas outras a morte
por matar as alimenta.

Agostinho da Silva

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domingo, setembro 11, 2005

O principal perigo para a América, para a democracia e para a evolução positiva da humanidade

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Nada de mais, ou que não se saiba...

Cynthia McKinney, jornalista da Fox News Network na Georgia, dizia, a 12 de Abril de 2002:
“Sabemos que houve várias advertências anteriores aos eventos de 11 de Setembro. Pessoas chamaram a CIA e o FBI e deram-lhes informações críticas. Houve advertência adequada. Mas ao invés de exigir que o Congresso investigue o que errou e porquê, verifica-se que o Presidente Bush telefonou ao Líder da Maioria, Senador Tom Daschle, pedindo-lhe para não investigar.

A minha pergunta é a seguinte: o que têm eles a esconder? O facto é que o pai senta-se no conselho de administração do Carlyle (ph) Group, um dos contratistas da defesa de mais alto nível do país. Assim verificamos que esta presidência de legitimidade questionável está a exigir uma quantia de dinheiro quase sem precedentes para incorporar no orçamento da defesa - gastos que beneficiarão directamente o seu pai!”

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In Memoriam - 11 de Setembro

Tal como vinha ameaçando ontem, não posso, nesta data, deixar de recordar os infames ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, nos quais membros do grupo islâmico al-Qaeda sequestraram quatro aeronaves, fazendo duas delas colidir contra as duas torres do World Trade Center em Manhattan, Nova Iorque, e uma terceira contra o quartel general do departamento de defesa dos Estados Unidos - Pentágono -, em Arlington County, Virgínia. O quarto avião sequestrado foi intencionalmente derrubado num campo próximo a Shanksville, Pensilvânia, depois de os passageiros terem corajosamente enfrentado os terroristas. Com um saldo próximo das 3000 mortes, o ataque de há quatro anos excedeu os 2400 mortos do ataque surpresa dos japoneses a Pearl Harbor em 1941.

Na sequência da menção ao ataque japonês a Pearl Harbor, cujos planos seriam conhecidos pela defesa norte-americana, talvez seja pertinente recordar ainda que a suposta surpresa aérea nipónica (alguém crê que um enxame de kamikazes não fosse detectado a tempo pela tecnologia americana?) tenha sido consentida, justificando, perante a opinião pública americana, naturalmente céptica, a entrada dos EUA na segunda Grande Guerra.
Pois bem, a 29 de Outubro de 2004, Osama bin Laden assumiu explicitamente a responsabilidade pelos ataques, afirmando: "Nós decidimos destruir as torres na América... Deus sabe que não nos ocorreu originalmente essa ideia, mas a nossa paciência esgotou-se diante da injustiça e inflexibilidade da aliança entre Americanos e Israelitas contra o nosso povo na Palestina e no Líbano. Então, a ideia surgiu na minha mente." Hoje sabe-se que a guerra ao terrorismo tem sido altamente lucrativa para a família Bush, com ligações à família de bin Laden. Esta temática talvez fique para uma outra oportunidade...
Após os ataques, o grupo militante islâmico al-Qaeda elogiou o tétrico feito, e os líderes do grupo haviam previamente dado a entender a sua participação. De facto, pouco depois dos ataques, o governo dos Estados Unidos declarou-os, juntamente com o líder Osama bin Laden, principais suspeitos. Em 2004, a comissão investigativa do governo norte-americano concluiu que os ataques haviam sido concebidos e implementados por pessoal da al-Qaeda. A comissão relatou que, embora tenham havido contactos com o Iraque durante a presidência de Saddam Hussein, não foram encontradas "relações colaborativas" entre o Iraque e a al-Qaeda no tocante ao 11 de Setembro. Entretanto, descobriu-se que a al-Qaeda tinha conexões com grupos iraquianos desde o início da década de 1990. Muito mais se disse e fez. Este post peca por ser vago e, até, politicamente correcto. Bottom line: O que é verdade e o que é mentira?

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A não ser que o Benfica se transfigure, não volto a falar de bola

sábado, setembro 10, 2005

2-1, resultado final

Koeman, a culpa é tua! Desta vez vi os jogadores esforçarem-se. A culpa é tua... e não digo mais nada pra não perder a solenidade do registo do Caderno de Corda... umpf...

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1-1, neste preciso momento

Tive alguma dificuldade em aceitar o 11 inicial que Koeman apresentou. Pensava eu que o Benfica tinha de ganhar o jogo... A BOLA acertou na mouche. Falhei a previsão mas, como treinador de bancada que sou, continuo a insistir que o meu 11 era o ideal... Simão acabou de fazer o empate... de livre. Aliás, parece-me que, à falta de um homem de área, só podíamos mesmo fazer golo de bola parada, apesar de, por agora, Nuno Gomes já estar em campo. Jogamos com dez, após a expulsão de Ricardo Rocha. Faltam 20 minutos, mais coisa menos coisa...

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Sporting - Benfica, dentro de instantes

Dentro de uma hora o Benfica arrisca-se, à terceira jornada, caso perca, a fazer o pior início de campeonato de sempre, em Alvalade, diante do eterno rival Sporting. Afigurando-se tal cenário, alarga-se para oito pontos a distância entre as duas equipas. A inclusão de novos jogadores de parte a parte assegura a condição de surpresa e inesperado no primeiro derby da temporada. Koeman irá insistir, segundo revelou ontem a A BOLA, num sistema 3x4x3, com a particularidade de deixar Nuno Gomes no banco, indiciando a colocação do piccolo (1,67m) Miccoli no coração da área. O talismã Mantorras, ao que parece, ficará de fora dos convocados. Eu não creio, no entanto, nalgumas possibilidades avançadas prematuramente pela imprensa. Este post descomprometido serve, em antevisão, o propósito da positivação do meu palpite - ou desejo - para o 11 inicial do Glorioso esta noite. Veremos se coincide:

Moreira
Anderson - - - - Luisão - - - - Ricardo Rocha
João Pereira (ou Nélson)
Beto - - - - Manuel Fernandes
Simão - - - - - - - - - - - - - Karagounis - - - - - - - - - - - - Miccoli
Nuno Gomes
n.b. - Amanhã talvez comente o jogo, no rescaldo, ou talvez não, dependendo da disposição e... do resultado... Retomarei, no entanto, a temática do 11 de Setembro, que vinha, nos posts anteriores, a ganhar algum ascendente. Completam-se amanhã quatro anos que se deu o ataque às Torres Gémeas, acontecimento a que ninguém, enquanto o Homem fizer e estudar a História, pode estar alheio.

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Osama Bin Laden, exclusivo da CNN. Autismo

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Será Bin Laden o actor mais bem pago de Hollywood?

Morteiros em zona de guerra, 1967, Vietname. Surdez

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Alguém se questiona sobre o que realmente aconteceu?


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Poemas da adolescência 22

Estava ali, juntinho ao mar.
Não pensava em nada,
nem ia pensar.
A história é breve, sem importância.
Ocorreu-me que o saber ocupa o lugar
da ignorância.

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sexta-feira, setembro 09, 2005

"Fala se tens palavras mais fortes do que o silêncio, ou então guarda silêncio" (Eurípedes)

in "Fragmentos"

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"1000 Words", imagem de David M. Spindel

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quinta-feira, setembro 08, 2005

Uma imagem vale por mil palavras? Demonstrem-no sem palavras...

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A pintura, editada para o Caderno de Corda, é da autoria de Yolene Legrand (Joanne Way to School). O menino, não sei quem é...

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Poemas da adolescência 21

É madrugada.
Sobe, cada dia mais tarde,
o sol sobre a antena parabólica.
A criança, de mochila às costas, ensonada,
espera o autocarro na berma da estrada.
Urge o tempo entre o teste e a cólica,
até à fábrica de condicionamento.
Madrugada das casas tão cedo vazias
da periferia.
Reduz as necessidades se precisas de tudo
o que, sem nada, terias.
A criança tem hora para chegar.
Frenesim matinal
de dever prematuro.
Na jaula de vidro,
a beleza irónica e distante do mundo.
E a janela tecnológica
projecta um muro
inodoro
de paisagem bucólica.
É Setembro.

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quarta-feira, setembro 07, 2005

O deserto... ainda

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Quadras de Agostinho da Silva 7

Só com alguns estarás
enquanto forem a rodos,
mas apenas no deserto
poderás estar com todos.

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terça-feira, setembro 06, 2005

Para já, isto é um peru e não um frango. Mas é de Natal, o que, neste caso, pode simbolizar fraterninade e comunhão. E não, este post não é sobre culinária ou o Ricardo (Sporting), mas amizade.

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A melhor parte

Ontem jantei em casa de um amigo tão chegado quanto um melhor amigo ou irmão podem ser. Sei dizer que, depois de um petisco, ele seguiu para o prato principal e deixou a parte de que mais gosta na travessa (por acaso, a parte de que mais gosto também). A esposa dele (não vou identificar ninguém e eles sabem quem são - acho mais piada assim) estranhou e disse-lhe que, na travessa, havia duas pernas de frango. Ele não tinha visto uma e não quis comer a única. Não disse nada e comeu decididamente um peito. Tinha-me deixado a melhor parte.
Hoje, a família Amaral vai conhecer o sexo do seu novo membro (já lá vão cinco meses de gravidez). Escrevo-o apenas para que fique registado. O Henrique vai ter companhia para brincar...

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segunda-feira, setembro 05, 2005

"Waiting for Lohengrin", Magda Francot

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Anamnésias 9

O pássaro falou do cimo da árvore, no jardim. A relva acolhe o pato, que se cobre de asas e penas. A manhã rompeu. Falámos uma madrugada e rendemo-nos ao queimar do céu. Na estação, à espera do comboio, aceito a punhalada em mim próprio. Vejo que o meu sangue jorrado agora é o mesmo sangue que tu já cuspiste fora. Como nos poderemos amar?, se foste a única estrela, que até já foi estrela do mar... Somos a página mais clara do livro um do outro. Eu sou a coroa; tu a cara, e sei que outra não encontro. Queria ser forte como um touro e trazer-te no meu dorso, desfazendo o desencontro, mutilando o remorso. Jamais será esquecido o teu mais belo gesto, o teu beijo sentido, tua bondade ao manifesto. Jamais será esquecido o nosso travo adolescente, a descoberta de todos os mapas nos nossos corpos a quente. Pois só com a memória fico, só com o desgosto resto. E o pássaro fala-me, do cimo da árvore; o pato recolhe-se, na relva, no manto das suas asas.

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domingo, setembro 04, 2005

"Sahara Sunset", Drew Davis

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Estórias 3

Caminhámos dias e noites áridas e sufocantes, resistindo à ablepsia de fé que nos tentava. Sabíamos ser rumo Sueste o caminho para longe da inumação incógnita, do esquecimento abnegado no deserto entre El Alamein e os poços de Chebin el Kom. Sedentos, possivelmente tão longínquos da tecnocrática e frívola Europa quanto de coqueiros e palmeiras, oásis refrescantes e outras miragens impossíveis, arrepiávamos caminho por sobre os vértices das dunas, não parando sequer para inspirar o ar morno, ganhando tempo ao tempo que não existe nem resta, e ao espaço, sorvido pelo Espaço, pé ante pé, passos curtos em crescendo extenuado e delirante.
Caía a noite e, no horizonte, a mesma paisagem de há dias de caminhada sobrevivente. À excepção de víboras e escorpiões abespinhados, nem sinais de vida havíamos notado, que o deserto já se ocupara de apagar tais vestígios, engolindo-os.
Preparámo-nos para a tempestade de areia nessa noite, aliás, como em todas as noites. Sahib e eu abraçámo-nos sob uma manta berbere, nosso haver mais precioso - mais ainda que os vinte centilitros de água restantes no cantil. O crepúsculo tinha uma coloração purpúrea, diferente dos outros fins de tarde. A abóbada dos céus parecia fechar-se sobre nós, afectada, constrangida, impiedosa. Um vale de terra fina como pó assobiava uma melodia ondulante e alucinada, num cântico que trazia consigo o rodopio ascético das vozes, das cítaras e dos tambores berberes. Algo no uivo da noite ignota, como um aviso, se manifestava e sobrepunha à preocupação imediata pela desidratação e fraqueza em que estávamos, fincando o solo volátil onde, deitados, em contemplação esquecida, nos entregávamos ao que viesse. Sobre as nossas cabeças pairavam constelações e mitos incontáveis. O zéfiro da tarde se havia transformado em tempestade. As forças que me restavam, empreendia-as em manter Sahib coberto, que abdicara da luta e devaneava algo relacionado com uma mulher que conhecera em Al Moghrab. Sem esquecer o propósito da viagem, confessei-o apenas a Andrómeda, sussurrando sem saber, aninhado no seu ventre terrestre movediço.
n.b. - Graças a Nuno Júdice e ao Professor Luís Carmelo escrevi há algum tempo esta estória descritiva com base na leitura do capítulo V da novela "O tesouro da Rainha de Sabá", do primeiro dos escritores enunciados. Hoje publico o textinho... por estar próximo do ventre nuclear e hipnótico do chão.

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sábado, setembro 03, 2005

Depois o chão (Jeremias Cabrita da Silva)

O chão é o meu velho amigo e confidente. Depois de desflorado e extinto serei eu a sua virgem. Duvido de costas voltadas para onde não houver viv'alma.
Jeremias Cabrita da Silva

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Quadras de Agostinho da Silva 6

Mais que tudo quero ter
pé bem firme em leve dança
com todo o saber de adulto,
todo o brincar de criança.

Agostinho da Silva

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sexta-feira, setembro 02, 2005

Já fui e vim do concerto. Desta feita não publico um relato do que vi e ouvi (foi mais o que ouvi do que vi - o fenómeno Jorge Palma é, hoje, semelhante ao das praias da Costa Vicentina, há dez anos quase desconhecidas: sobrepopulação e muitas cabeças e corpos de permeio). O concerto foi muito bom e o Jorge fez-se acompanhar, mais uma vez, pelo filho Vicente (guitarra e segundas vozes), aqui, na foto, abraçado ao pai. Afinal actuou com a mesma banda que esteve na gravação do álbum Norte, os quatro rapazes dos Zen, Clã e Blind Zero. Fui com os meus prezados amigos Pimenta e Paulo, a quem deixo um abraço.

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quinta-feira, setembro 01, 2005

Sugestão musical para hoje: Jorge Palma no Du Arte Garden, Casino do Estoril, 23h30

De regresso aos "Grandes Concertos do Casino do Estoril", onde já tocou um considerável número de vezes, o último artista apresenta-se hoje ao piano e à guitarra no Du Arte Garden, Casino do Estoril, pelas 23h30. O Jorge disse, à SIC, que este é «um espaço especial porque, quando somos repetentes num local de espectáculos, cria-se uma relação intrínseca com o mesmo». Já assisti a uma mão cheia de espectáculos do Jorge no Du Arte. Hoje, mais uma vez, lá estarei. Sou um indefectível. Tragam um amigo também.

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Uma forcinha para os importantes embates que se avizinham. Agora é matar ou morrer. Acordem, lads.

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Karagounis, Miccoli e um peso enorme sobre os ombros

Os reforços prometidos até quarta-feira confirmaram-se - e dentro de tempo. Miccoli, avançado italiano de 25 anos da Juventus, foi cedido ao Benfica por um ano de empréstimo, com cláusula de opção de compra fixada em cinco milhões de euros. O Benfica despende apenas cerca de 800 mil euros pelo empréstimo, sendo que o campeão italiano suporta boa parte do salário do jogador. Apesar de ainda não se ter afirmado em definitivo no futebol europeu, dizem que Miccoli, internacional italiano, é mesmo craque. Dizem que é um... 9. Pelo menos, na Juventus jogava com o número 9, mas na Fiorentina era o 10. Ora, como Karagounis já ficou com a camisola 10, e Mantorras tem o 9, parece que só lhe resta o 19. Provavelmente o melhor futebolista grego, co-autor da desilusão oracular e fatal de Portugal no último Euro, Karagounis assinou por três épocas e está «orgulhoso por vestir esta camisola [do Benfica, obviamente]». A transferência foi a custo zero. Nada mal por um jogador que vem do Inter de Milão. Parece mesmo que, como se escreveu ontem n' A BOLA, o emigrante Veiga conseguiu os dois craques com um saco de rebuçados.
Curiosamente, o compatriota de Karagounis no Benfica, Fyssas, afirma que, afinal, «Karagounis não é um típico número 10; é um jogador que pode assumir várias posições, quer a defender, quer a atacar. Acima de tudo é um jogador que trabalha muito durante os 90 minutos». E não é que talvez seja disso mesmo que esta equipa precisa? De alguém que mostre garra e capacidade combativa; que não espere que as camisolas ganhem o jogo. A mim, quer-me parecer que a malta relaxou depois de ganho o campeonato. O Karagounis e o Miccoli vêm para ajudar (espero que muito) mas não beberam ainda da mística e não se admite nem me parece justo que sejam eles a suportar o enorme peso que esta equipa tem sobre os ombros, o ónus da reconfirmação do estatuto de campeã nacional. Está escrito nas estrelas que os portugueses estão fadados para as mais elevadas feitorias mas, uma vez alcançadas, dormem à sombra da bananeira em consumo de fundo perdido, sobre louros vitalícios. Como diz o provérbio, "quem quiser vencer, aprenda a sofrer". Simão, Manel, Petit, Nuno, Mantorras e c.ª!, toca a acordar!

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